terça-feira, 2 de junho de 2009

palavras com D

DATA. (l.planalt.) Nome que se dá a um lote de terra nas regiões fronteiriças com o Paraná.
DARLIN. Espécie de cesto conhecido na cidade de Luís Alves. (Inf. L. C. Tigrão. BC)
DE MANO. (c.l.c.)Troca por troca, mano a mano, elas por elas.
DEBICAR.(c.l.c.)Fazer a pandorga dar “bicadas”, para estimular a decolagem e alçar vôo com mais facilidade. (Inf. Raôni Corrêa. BC)
DEBULHAR. Derrissar o milho da espiga. Também usado para frisar ou reforçar alguma coisa. P.ex.“Debulhar o pau”, quer dizer, sentar o pau, acelerar.
DEBULHO. (c.l.c.)Recheio de tainha assada em forno.
DECASCAR. (C.l.c.). Tirar a casca. “Decascá o pau”: dar uma surra.
DEDINHO. (c.l.c.)Imposição do jogo da quilica, quando o jogador adversário exige que o outro jogue a quilica entre os dedos de forma tradicional, não podendo jogar com as mãos, tipo bocha. Nas regiões fronteriças com o Rio Grande do Sul, se diz “inhaque”.
DEGA. (dé) (c.l.c.) Degas.
DEGAS. Auto-referência, auto-elogio: o “Eu”. P.ex.: “Deixa que o degas aqui resolve.”
DEGAVAR. (c.l.c.)Metatética de devagar.
DEJAOJE. (c.l.c.) Há pouco. Há pouco tempo atrás. Expressão que ocorre numa área bastante abrangente no centro do litoral catarinense, em geral na área de influência de fala portuguesa, ou seja, onde se caracteriza a fala do açórico-madeirense-luso-vicentista. Falado em especial por populares em extrema proposição vulgar.
A única expressão proposta por erudito desta palavra, em território catarinense foi citada por Silveira Júnior, no livro “Memórias de um menino pobre”, numa visão bastante culta da palavra(dejá-hoje), muito embora no texto, esteja citando um cidadão de fala inculta. “Eu mesmo vi dejá-hoje, seu Milintino. Posso inté jurá, se o senhor ponhá dúvida:” (Silveira Jr Op cit p 45)
Fora do território catarinense foi citada por Mário de Andrade em Macunaíma, numa visão ainda mais culta (de já-hoje) dessa palavra. “Macunaíma pediu para ela ficá com os olhos fechados e levantou todos os córregos, tudo, pro lugar em que estava de já-hoje no mondongo” (Mário de Andrade Op cit p 14) . Neste caso, seria um exemplo de metanálise.
Na idade média existia uma forma parecida ‘já’gora’ . “O conselho mais acertado que jágora podemos ter é que nos esforcemos como cavaleiros” (Rui de Pina - Apud Ofir Chagas- Algarve e Andaluzia no Itinerário de Dom Paio Peres Correa” p. 41)
Var. Dijaoje, desaoje, djaoje, diaois, djaojinha.
DEMONHO. (lit. cat.) Modo de dizer demônio.
DENGO. Coisa muito mimada, dengosa, ciosa.
DENGO-DENGO. Apelido do habitante da cidade de Navegantes.
DENTILHAS. Pintas no rosto, manchinhas, sardas. (Novo Dicionário da Ilha)
DERRADEIRO. Último.
Meu amigo venha ver/ onde a garça fez um ninho/
No mais alto pau do mato/ no derradeiro galhinho. (Cantiga popular)
“Eu nasci por derradeiro e ainda cuidei dela e dos meus irmãos?” (Elaine & Bebel Op cit p 116)
DERRADEIRO-DO-ANO. Reveillon. Véspera do ano bom.
DESAGERADO. Que cometeu um desageiro.
DESAGERO. (c.l.c.)Síncope de desageiro. Forma redundante de dizer exagero.
DESAGRADECER. (C.l.c.). Não agradecer. Era costume das pessoas litorâneas, ao invés de simplesmente agradecer, usavam a forma negativa de “não desagradecer” em sinal de agradecimento. P.ex. “Se o senhor me der eu não desagradeço, este favor.” Bastaria simplesmente agradecer.
DESAOGE. Uma das diversas formas de dizer dijaoge. Ex: “Eu vi ele desaoge aqui.”
DESARRISCAR. Forma redundante de riscar.
DESARVORADO. Avuado, aluado.
DESATABANADO. Desatinado.
DESBOCADO. Pessoa que fala palavrão. Boca suja.
DESBORDAR. Forma redundante de esbordar. Transbordar.
DESBRAGUELADO. Redundância de esbraguelado, desarrumado, com a camisa por fora das calças. Desalinhado.
DESCABRIADO. Desconfiado, escabriado.
DESCADEIRADO. Com dor nas cadeiras, nas costas. Fatigado.
DESCAIR. Redundância de cair.
DESCAÍDO. Redundância de caído. Penso, torto.
DESCAMBAR. Redundância de cambar. O mesmo que cambar. Derivar, descair, inclinar-se, fazer uma curva.
DESCANGA. Deverbal de descangar, fazer a descanga. Tirar os cavalos ou os bois da canga. Essa expressão é mais usada quando era comum a carroça de dois cavalos. Só nela ia a canga, portanto havia a necessidade de fazer a descanga. (Inf. Pedro Alves Cabral (Pedro Reis) BC)
DESCANGALHAR. Redundância de escangalhar
DESCANGAR. Tirara a canga do boi o do cavalo.
DESCOCHAR. Passar resina no fio para que ele fique firme e não crie cócoras depois de cochado.
DESCONFORME. Fora da forma usual, descomunal, grande.
DESCONSO. Q.v. Disconso
DESCORADO. Que perdeu a cor. Desbotado.
DESCORNEADO. Redundância de corneado. “Descornado (sic) confessa que matou muié com facada no pescoço” DIARINHO – Manchete de capa – dia 13 de maio de 2009.
DESEMBESTAR. DesataR, desamarrar, arremessar, desprender, lançar-se, desamarrar-se, sair em desabalada carreira. “As abelhas quase o mataram. Correu desembestado.” (Rádio Peão p.110)
DESENGONÇADO. Desarrumado, desaprumado, desbraguelado.
DESENTERIA. (lit. cat.) Hipercorreção de disenteria. Caganeira, escurricho, churrilho, churrio. Var. Desinteria, disinteria.
DESGADELHADO. (c.l.c.)Descabelado, despenteado.
DESGOTAR. Redundância de esgotar.
DESGUERRADO. (c.l.c.)Sem as guelras, com braços ou asas quebradas. “...tiveram que levar a coitada na casa do Zé Ventura com as pernas desguerradas, esgaçada para evitar a fricção entre os lábios da pichireva, para o curandeiro receitar um linimento mais eficiente pra perereca esfolada”. (Isaque de Borba Corrêa - Poranduba Papa-siri p 60)
DESINÇAR. Acabar com o inço.
DESINSUFRIDO. Redundância de sofrido, agoniado, inquieto. Segundo o professor Leonel Batista, este termo é conhecido em Olhão, Portugal, porém ele grafou “desensefrida”, com o mesmo significado. (Leonel B. Op cit 129)
DESMAECER. Perder a cor, desbotar, esmorecer, esmaecer.
DESMARZELADO. Rotacismo de desmazelado. Relaxado, preguiçoso, que deixa correr à revelia. “Muito exigente Miliquias preferiu ir à rua levar o penico, do que deixar que o velho murrinhento e desmarzelado jogasse o produto de sua defecação no terreiro” (Isaque de Borba Corrêa - Colóquio - inédito)
DESNUNCAR. Metaplasmo de adição com epêntese nasalizado de desnucar. “Disnuncô o pescoço.” “A galinha maneou o pescoço desnuncado, olhou prum lado e pro outro e carcou-se pra nossa casa. (Isaque de Borba Corrêa - Pirão com Milongas - inédito)
DESORAS. (manez.) Qualquer hora, fora de hora, sem hora, que não tem hora. (Seixas Neto- Linguagem do Ilhéu in Folclore Brasileiro p 13)
DESPINGOLAR. (c.l.c.)Despencar, disparar, despregar-se, cair. “Despingolou-se lá de cima”
DESTRAMBELHADO. Maluco, louco, rebelde.
DESTRANGULAR. Redundância de estrangular. “Destrangularam o pescoço da galinha.”
DESVAZIAR. Redundância de esvaziar. O mesmo que esvaziar.
“Pego o garrafão e já balanceio/ E pra mode vê se tá memo cheio/ Não bebo de vez por que acho feio/No primeiro gorpe chego inté no meio/No segundo trago, é que eu desvazeio.” (Letra da música “A moda da Pinga” de Enezita Barroso)
DEVARDE. Rotacismo do advérbio debalde, com troca da bilabial sonora /B/ pela consoante fricativa labiodental sonora /V/ ,que quer dizer em vão, inútil. No entanto a expressão catarinense tem conotação de locução ‘de varde’. P.ex.: “Já que tás de varde memo, faz este servicinho pra mim.”
DIACHO. Eufemismo de Diabo.
DIAOIS. Variação de dijaoje. Catarinenses de algumas regiões dizem: “Demora pouca.”
DIFURSÃO. Antiga forma de denominar a gripe, coisa pouco mais simples que a constipação. Corruptela de defluxão. Var. Disfursão.
DIGEREZA. Qualidade de digeiro, rápido.
DIGERO. Síncope de digeiro.
DIGEIRO. Ligeiro. Exemplo de lambdacisco. Forma que o falante vulgar usa, para mascarar a pronúncia do /L/.
DIJAOJE. Há pouco, há pouco instante atrás, de já-hoje. Estas são as forma mais usuais entre todas as variantes: desaoge, diaois, dejoje e até no diminutivo.
DIJAOJINHA. Diminutivo de dijaoje. Há menos tempo que dijaoje. Ex.: “Dijaojinha ele ainda estava aqui.”
DILIDO.(de) Muito cozido, derretido, aguado, mole, amolecido. Deturpação por síncope de diluído. P.ex.: “Quando foram abrir a panela, o aimpim estava dilido, todo esmigalhado que nem deu para comer direito,.” (Isaque de Borba Corrêa - Poranduba Papa-siri p 18)
O Jesuíta Simão de Vascocelos (*1597 +1671) faz uso desse termo.
“...se coze muitas vezes um só dedo da mão, ou do pé, em um grande asado, até ser bem delido,...” (Simão de Vasconcelos- Crônicas da Companhia de Jesus, p 102)
DINÂNI. (c.l.c.)Pequenos peixes capturados nos arrastões. Perfeito aloleto do bairro da Vila Real e Barra Sul, em Balneário Camboriú. Na parte central da cidade e no canto norte da praia existe outro aloleto sinônimo: mingongo ou canguá. (Dicionário Papa-siri - Inf. do vereador Gil Koedermann) Na localidade da Barra, se diz “peixinho de puçá”.e no interior da cidade de Camboriú se diz guinâni. Relé.
DINDINHA. Forma redobrada de dinha. Madrinha.
DINDINHO. Forma redobrada de dinho. Padrinho.
DINHA. Aférese de dindinha.
DINHO. Aférese de dindinho.
DIRRIDÓ. (de) Metaplasmo de supressão por apócope de derredor, com câmbio da vogal /E/, que quer dizer ao redor. P. Ex. “ A galinha vive em dirridó dos pintos”
DISACORÇOADO. Pronúncia corrrente de desacorsoado. Desanimado, deprimido.
DISARRISCAR. Redundância de riscar. Modo de reiterar, confirmar com veemência que se risque alguma anotação. P.ex. “Disarrisca meu nome desta lista.”
DISBORDAR. (c.l.c.) Redundância de esbordar. Transbordar, derramar..
DISCAIR. (lit. cat.) Redundância de cair. Modo de reiterar, confirmar que caiu novamente. Diz-se do animal que estava doente e recaiu, tornou a adoecer. Recaída. P.ex.: “O animal já tava bonzinho quando teve uma discaída”
DISCAÍDA. (lit. cat.) Redundância de cair. Suave inclinação, propensão, inclinação, tendência, pendor. “Este piso tem uma discaída muito grande pra banda da janela.”
DISCONSO. (c.l.c.) Inclinado, em desnível.. Ex: “A mesa está em disconso.”
No sul do Estado é usual esconso. Desconso.
DISENTERIA. Variação de desenteria. Tenesmo. Caganeira, dor de barriga, escurricho.
DISFALÇAR. (C.l.c.)Exemplo clássico de hipercorreção, por meio de lambdacismo para disfarçar
DISFALCE. (c.l.c.) Deverbal de disfalçar
DISFURSÃO. (c.l.c.) Defluxão, gripe, coriza, constipação. Var. Difursão.
DISINLIAR. Pronúncia corrente de desenlear. Tirar do enleio, desmanchar uma coisa enleada, cheia de liames. Desamarar. Ex: “Disinleia esta corda.”
DISMASIA. 1- (manez.) Modo de dizer demasia. Diz-se, na Ilha de Santa Catarina, do
fluxo menstrual abundante. (Novo Dic. da Ilha)
2- No litoral do Vale do Itajaí serve para referir a qualquer excesso.
DISMILIGÜIDO. Desmilingüido, magrinho, intanguido, raquítico
DISQUARTEJADO. Desquarteirado.
DISQUARTERADO. Desquarteirado, descadeirado
DISQUE. (dís). (n. cat.) Diz-quê. Uma expressão bem particular da região norte de Santa Catarina, em especial São Francisco e Joinville usada para complementar uma frase. “Vai casar com ela, dísque!”
DISSORADO. Dessorado, separado, não homogeneizado. Fala-se principalmente em relação ao mingau quando não homogeneiza.
DISSORAR. Pronúncia de dessorar. Converter em soro, separar, não homogeneizar.
DISTERCER. Diz-se da capacidade que um carro tem, em girar em torno de si mesmo, na menor circunferência possível.
DISTRINCHAR. Destrinchar, destrinçar.
DISVAREMAR. Disvaretar, envaremar, ficar doido.
DISVARETAR. Disvaremar, endoidar.
DIZIDÔ. Metaplasmo de supressão por apócope de dizidor. Pessoa que diz versos, repentista, cantador. “ O loca Cambriú foi o nosso maior dizidê de versos.”
DOBAR. Fazer novelos de linha para pescar. Enovelar. “Quem doba, não ensarilha.” (Ditado popular)
DOCEL. (L.planalt.). Mosquiteiro, protetor contra inseto, feito de tecido fino. Registrado na cidade de Campos Novos. O mesmo que tule, véu. (Inf. de M. T. Scarpetta)
DONDOCA. Efeminado, delicado, adamado.
DROMENTINA. Metátese de dormentina. Erva cujo princípio ativo adormece, muito usada na dor de dente pelos litorâneos do interior de Santa Catarina.
DURAMO. Variação de durâmen ou durame. Parte mais dura no interior da madeira. Cerne.

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