terça-feira, 2 de junho de 2009

Palavras com C

CAA ou CAÃ. (Guarani) Mato, folha. Elemento que entra na composição de vários verbetes indígenas deste Glossário.
CABAÇO. Hímen.
CABANO. Diz-se das pessoas que têm as orelhas grandes ou levantadas.
CABAZ. (l.planalt.) Balaio ou saco. Termo conhecido no oeste catarinense e talvez no País inteiro, porém quase totalmente desconhecido entre os nativos do litoral catarinense. Não registramos quem conhecesse o seu significado. “Na mão portava um cabaz para farnel.” (Crônicas do Oeste p 17)
CABEÇALHO. Eixo central do carro-de-boi. Aquela parte estreita e pontuda.
CABEÇO. Suporte onde se amarram os barcos ou navios. Qualquer coisa em forma arredondada: pedras ou cabeças de pedras, pedaços de pedras não muito grandes. Diz-se, também, cabeçorra.
CABEÇORRA. A cabeça, o cabeço. Qualquer ponta de maior diâmtero que o corpo e arredondada.
CABEÇUDO. Burro, tanso, aquele em que não entra nada na cabeça.
CABEU. Deformação do verbo caber, na 1ª e 3ª pessoa do singular do pretérito perfeito. “Não fiz mais porque não cabeu”. Às vezes também conjugada como cabi.
CABI. Uma as formas de conjugar o verbo caber nas acepções acima. “Eu não cabi aí dentro”
CABISCO. (c.l.c.) Forma de acertar a quilica de um adversário, de tal forma, que a sua bolinha se ponha o mais perto possível de um terceiro adversário. Jogar de tabela.
CABISQUINHO. Diminutivo de cabisco.
CABORTEIRO. (l.planalt.) Velhaco, sagaz, cambuína. (E. Felipe Op cit)
CABOSA. (c.l.c.)1- (subst.) Nome de um pequeno peixe, que habita os costões.
2- (adjt.). Mulher feia.
CACA. Aférese de Cacaca, titica, nojeira.
CACACA. Ecolalia infantil. Nojeira, porcaria, titica.
CACALHADA. Coletivo de caco, gente sem moral.
CACARECO. Tareco, coisa sem valor.
CACARUTO. O cume da cabeça. Cucuruto.
CACEIO. Tipo de pesca. Pesca de caceio. Origina-se de caçar, quem caceia, na verdade está caçando peixe.“Queria pegar uma tarrafa / Queria dar um caceio.” (Marcos Izaltino Ferreira e Itamar Silva- (O segredo da pescaria) in O Pescador - p 36)
CACHAÇO. Porco não castrado, reprodutor.
CACHÉ. Casca seca de pinheiro. (Doralécio Soares- Falares da Vida Campeira p 15) Q.v. Caxé.
CACHICHOLO. (l.planalt.) Casa pequena, casebre. (Gloss.de Vida Salobra)
CACHOLA. Cabeça, cachuleta, cuca. “Não entrou na cachola.” “Duas crianças quebraram a cachola, mas tão fora de perigo” (DIARINHO -= Polícia – 23 de abril de 2009)
CACHOPA. Nome que se dá aos cachos de coqueiro, bromélias, casolas de marimbondos e outras formas côncavas da natureza. Q.v. Coriolã.
CACHULETA. Cabeça. Possivelmente um diminutivo de cachola. “Não havia cristão que tirasse a idéia daquela cachuleta” (Júlio César Garcia “Coluna do Garcia” Jornal Acontece no Vale, Ano I nº 11 p 03)
CACO.1-(subst.) Pedaço de algum objeto quebrado.
2-(adjt.). Pessoa que não vale nada.
CACUANGA. Cacuenga.
CACUENGA. (manez.) Nome que se dá à massa crua. Também se chama puba ou pubá. “Cacuenga {...} É feita com mandioca puba ou curtida.”
CAÇULA. (c.l.c.) Indez, triçóli. “Eu era a filha mais moça, a caçula da minha mãe.” (E. Borges e Bebel - Op cit p 116)
CACUMBI. Raro exemlar do folclore catarinense. Folguedo popular de origem africana, ainda difundio na cidade de Penha.
CACUPÉ. Topônimo em Florianópolis.
CADINHO. (c.l.c.) Aferético de bocadinho. Diminutivo de cado.
CADO. (c.l.c.) Aferético de bocado. Porção pouco maior que “cadinho”. Pouco, porção, bocado, bocadinho.
CAERA. 1- Síncope de caeira, fábrica de cal.
2- Qualquer traste ou utensílio velho.
CAEIRA. Topônimo em várias localidades catarinenses.
CAETÉS. 1- Topônimo camboriuense.
2- Planta semelhante ao jasmim. Jasmim do mato.
3- Na língua indígena quer dizer mato alto.
CAFIFAR. Encafifar. Colocar coisa na cabeça. Encasquetar.
CAFUNDÓ. Lugar longe. Muito usado na expressão “cafundó-do-Judas”, lugar onde o “judas perdeu as botas”. Palavra muitíssima difundida pelo Brasil afora.
CAGAÇO. Susto. “ Prédio estala, racha e dá mó cagaço em moradores”. (Diarinho Nº 6728 - manchete de capa)
Esta palavra é conhecida na região de Olhão em Portugal. Está consignada no Glossário do livro “A Vila de Olhão” de Leonel Maria Baptista.
CAGALHÃO. Bolo fecal endurecido, trocilhão, troço.
CAGALUME. (manez.) Vaga-lume no dizer do manezês da Ilha. Forte referência ao fato da luminescência estar na “bunda” do inseto, o que sugere estar “cagando luz”.
CAGANEIRA. Disenteria, escurricho. Os planaltinos dizem churrio ou churrilho.
CAGUINCHA. (manez.) Pessoa sem importância, sujeito insignificante. Termo comum nos arredores da Ilha, pouco conhecido nas outras localidades. Susto. (Dicionário de Regionalismos da Ilha)
CAIACANGA. Antigo nome dado à localidade de Ribeirão da Ilha. Antigamente se chamava Ribeirão da Caiacanga, que na língua dos índios quer dizer polvo. Boiteux alega ser cabeça de macaco.
CAIAPIÁ. (l.planalt.) Raiz aromática. “Manter o palheiro aceso, perfumado com caiapiá.” (Enéas Athanásio. A gripe da Barreira p 68)
CAIAÚBA. Nome de um morro na cidade de Garopaba.
CAIBI. (Guarani) caa = mato + ibi = terra: terra de mato. Cidade do extremo oeste catarinense fundada em 1965.
CAICÃO. Grampo de ferro que prende o eixo ao carro-de-boi. Var. fonet. Cuicão
CAINHO. (l.planalt.) Avaro para os serranos. (E. Felipe Op cit) Os centro litorâneos dizem miséra. Pão-duro.
CAJUJA. (jú). Nome de uma árvore, registrado na cidade de Rio dos Cedros. (Inf Agenor Castilho)
CAJUVÁ ou CAJUVA. (l.planalt.) Pinhão que amadurece em setembro. Filipak registrou “pinhão caiová” no Paraná.
CALADOR. (l.planalt.) Tubo que serve para retirar amostras de cereais dos sacos. Desconhecido do litorâneo. “Pega este calador, enquanto eu distraio o Colescura.” (Crônicas do Oeste p 114)
CALÃO. 1-(c.l.c.) As pontas das tralhas da rede. As duas extremidades da rede, ou seja, o
início da rede entre a corda e o paneiro.
2- Nome que se dá ao bambu, que conduz o merimbau.
CALCETEIRO. Profissional que calça as ruas com paralelepípedo. “Por outro lado, notícias de ruas asfaltadas, já estavam deixando de orelhas em pé os calceteiros.” (J.A. Rebelo - O Menino e a Pedreira, p19)
CALECE. (c.l.c.) Designação antiga de carro fúnebre.
CALHAU. (c.l.c.) Coisa grande, lefa, baita.
CALHEIROS. Topônimo em diversos lugares no litoral catarinense.
CALO. Apócope de calote na cidade de Brusque. “Fulano levou um calo do Ciclano.” (Custódio de Campos Op cit)
CALOMBO. Qualquer bolota ou protuberância que se cria na pele humana. Tumor, galo originado de uma pancada na cabeça.
CAMAÇADA. (lit. cat.) Camaçada de pau, surra, tunda, sumanta.
CAMACHO. Nome de uma lagoa no sul do Estado.
CAMARGO. (l.planalt.) Bebida serrana à base de café forte quente, com ou sem açúcar, dentro da qual se ordenha o leite gordo, o apojo, depois do terneiro ter apojado. (Pe. Alvino Brau - BCCF)
CAMBACICA. (c.l.c.)1-(subst.) Pequeno pássaro.
2- (adjt.). Mulher pequena, intanguida, muvida.
CAMBADA. Turma, monte de gente, troça. Coletivo de gente desordeira.
CAMBADO. Inclinado, curvado, torto, de esconso, de esguelha.
CAMBAIA. Diz-se no norte do Estado e sul do Paraná para as pessoas que têm pernas tortas, curvadas, tipo “entre parênteses” ( ). Garrincha. “Entre parênteses, com as pernas acentuadamente cambaias.” (Defreitas Op cit 61)
CAMBÃO. Eixo central das carroças. Pau para reboque de veículos. “Vinha tropeçando nas pernas, de fraco, sem poder sentar no cambão do carro ou na cheda do carro de boi.”(Isaque de Borba Corrêa - Poranduba Papa-siri p 35)
Em Florianópolis é o impulso dado à mão no jogo da quilica. “Os jogadores deveriam ficar atentos para que o matador não pedisse cambão, ou seja, o direito de impulsionar a bolinha deslocando a mão.” (Sileide Lisboa- Brinquedos e diversões típicas das comunidades litorâneas catarinenses - in Vilson Farias - Dos Açores ao Brasil Meridional)
CAMBAR. Pender, inclinar, curvar. Ex.: “Eu moro lá onde camba o rio.”
CAMBAU. 1- Pancada de chuva.
2- Surra, bordoada.
3- Tipo de pesca do norte do litoral catarinense e paranaense. “A rede de espera, de lance, de cambau e outras armadilhas.” (Defreitas p 48)
CAMBETA. (c.l.c.)Mulher que tem as pernas muito juntas em cima e abertas em baixo. Ou exageradamente grossas em cima e muito finas em baixo. Q.v. Gambeta. Vr Cambita
CAMBEVA. 1-(subst.) Peixes teleósteos, siluriformes, da família dos Tricomicterídeos, especialmente do gênero Trichomycterus. (def. A.E.XXI).
2-(adjt.). Mulher pequena, muvidinha, intanguida.
CAMBIARRA. Prostituta.
CAMBICHO. Paixão, apego.
CAMBIRELA. Nome do pico mais alto na cidade de Palhoça-SC.
CAMBITA. Mulher de perna fina. Nivaldo Lariú também encontrou este termo na Bahia.
CAMBOA. 1- Mangue. Gamboa.
2- Palavra que serve de topônimo em diversos lugares do Estado. “Na Camboa da Armação mora um deste assim.” (do livro O pescador)
CAMBOIM. Árvore das matas catarinenses (Isophoneugena reitzii).
CAMBONA. Vasilha rústica para esquentar a água destinada ao preparo do chimarrão. “A cambona borbulha no braseiro “(Fernando Tokarski - idem p. 14)
CAMBORI. Nome de origem Guarani de onde provavelmente se originou o nome de Camboriú. O mesmo que camuri. Robalo.
CAMBORI-GUAÇU. Literalmente robalo-grande. A mais antiga grafia do nome Camboriú-SC
CAMBOTA. (bó). Cada um dos semi-círculos que formam as rodas das carroças, ou rodas de água. (Nereu do Vale Pereira - Os engenhos de farinha de mandioca na Ilha de Santa Catarina, p 163)
CAMBRIÚ. 1- Antigo nome da cidade de Camboriú-SC. (Lei 1076 de 5 de abril de 1884)
2- João Cambriú, nome de um pequeno peixe comum nas valas e nos brejos
muito semelhante ao cascudo.
CAMBUEIRA. Nome comum de uma espécie de siri na cidade de Balneário Camboriú-SC e suas diversas variações fonéticas: camboera, camboeira, cambuera.
CAMBUÍNA. (l.planalt.) Velhaco na linguagem serrana. (E. Felipe Op cit)
CAMBULHÃO. (c.l.c.)Uma porção de peixes enfiados pelas guelras num cipó. “Enfiava os peixes pelas guelras e formava assim um cambulhão.” (Virgílio Várzea - Santa Catarina - A Ilha p 68) Q.v. Cambulho.
CAMBULHO. (c.l.c.)Variante de cambulhão. Molhe de peixes atados pelas bocas através de um cipó.
No sul do Estado de Santa Catarina se diz “fiada ou enfiada”. Lá inclusive existe uma “pegadinha” maliciosa entre pescadores. A pessoa diz: “Vou pescar, você não quer uma fiada?” Falando rapidamente, o malicioso produz uma cacofonia que forma “Quer uma enfiada?”
José Honório Marques na poesia “Quase Sem” cita: “Aquele onde ele segura um cambulhão de peixe.” (O Pescador V. III p 24)
Enfiada de peixe.
CAMBUQUIRA. (lit. cat.) Nome comum de um pequeno peixe do mar que vive em cardumes, próximo à praia, na quebrança das ondas.
CAMÓI. Nome de uma antiga brincadeira, tipo mocinho e bandido, na cidade de Camboriú, influenciada pelos filmes de cinema: “Após estes filmes, a marmanjada se organizava pra brincar de camói, uma corruptela camburiuense de cowboy.” (A. Rebelo p 221)
CAMPEAR. (l.planalt.) Var. campiar. Sair à procura pelos campos.
CAMPECHE. Nome de uma praia e de uma ilha na cidade de Florianópolis-SC
CAMPO ERÊ. Erê na linguajem do índio Guarani é campo. Refere-se evidentemente aos campos do oeste catarinense e sudoeste do Paraná. Sobre este conceito diz João David Folador, historiador daquela cidade: “Os índios caigangues denominavam herê. Os colonos portugueses iam ao campo que os caigangues denominavam herê. Daí o pleonasmo Campo Erê”. (João David Folador - História de Campo Erê p.11)
CAMPONEIRA. (sul do Est.) Galinheiro. Registrado na cidade de Sombrio.
CANAFRISTA. Síncope de canafístula. Nome de uma vagem produzida pela flor da acácia. No sul do Estado também dá-se o nome à taquara de bambu.
CANCA. (sul do Est.) Onda provocada nas águas pelo cardume de peixe. “Lancei a tarrafa logo que vi a canca d’água.” (Inf. Pastor Cesino Bernardino - Camboriú)
CANCARRA. Carranca, cara feia.
CANDEIA. 1-Nome comum de uma espécie de siri. Siiri candeia.
2- Lamparina
CANDOCA. (dó). Pinguelete curvo que trava a catraca existente nos caminhões que transportam toras de madeira.
CANEMA. Baga de canema. Espécie de fruto silvestre da família das solanáceas.
CANGA. 1- Canzil.
2- (sul do Est.) Variação da palavra canca: onda provocada pela manta de
peixe.
CANGALHEIRO. Antigo topônimo na cidade de Balneário Camboriú. -SC
CANGALHO. Coisa velha, antiga, especialmente veículos velhos.
CANGUÁ. 1- (c.l.c.) Pequenos peixes que vêm nas redes com os arrastões. O mesmo que mingongo. Aloleto do Bairro do Canto da Praia em Balneário Camboriú. Ambos os termos nos parecem ser um africanismo, haja vista que o bairro do Canto da Praia, atualmente Vila dos Pioneiros, é um grande reduto de remanescentes de escravos que se dedicavam exclusivamente à pesca. Na outra ponta da praia, na barra sul, os nativos chamam estes pequenos peixes de dinãni. “Aqui, {na Vila Real} todo mundo já comeu um pirãozinho com dinãni.” (Inf. do Vereador Gil Koedermann)
2- Nome de uma praia em Porto Belo.
3- Nome de uma festa na localidade de Santa Luzia, Tijucas.
CANGUAXI. (l.planalt.) O padre Alvino Bertoldo Braun (Op cit p 19) diz o seguinte deste inseto: “O Canguixi se difere da ‘lexeguana’ por ter pontos em sua casola e se fixar em troncos de árvores, ao passo que a lexeguana é lisa e constrói nos capins e gramados.” Tito Carvalho grafou Canguichi.
CANGUÇU. Topônimo catarinense.
CANGUEIRO.1- Pessoa que não serve para nada, só para fazer peso, canga.
2- Pedaço de carne dura da parte de cima do pescoço do boi. (Inf. Samir
Medeiros - Palhoça)
CANGUIRI. Topônimo da cidade de Imaruí.
CANGUICHI. (l.planalt.) Lexiguana. Q.v. Canguaxi,
CANGUTA. Os ombros, cangote. “..enchia um balaio lá no cacaruto do morro, botava em cima da nossa canguta.” (Isaque de Borba Corrêa - Poranduba Papa-siri 19)
CANHADA. (do esp. plat.) (l.planalt.) Vale entre as coxilhas, pequena depressão. Apesar de ser usual em quase todo o sul do Brasil, não é comum ao litoral catarinense. Em Itaiópolis registamos “barrocas” (Q.v.). “Deu um tiro só para avisar, que ecoou bem longe pelas canhadas.” (Crônicas do Oeste p 59)
CANHANDUBA. (do guarani) Caã = Mato + duba ou tuba. Abundância. Originalmente: caãbuba. Lugar de muito mato. Nome de um bairro comum às cidades de Itajaí, Balneário Camboriú e Camboriú. Ainda hoje é a maior reserva nativa comum às três cidades, tanto que é o lugar onde existe o grande lixão comum às cidades de Itajaí e Balneário Camboriú.
CANHANHA. (lit. cat.) Peixe teleósteo, percomorfo, da família dos esparídeos (Archosargus unimaculatus (Bloch)).(def. A.E.XXI)
Em Florianópolis é corrente o seguinte ditado: “Olhó-lhó-lhó!!! Fala a cocoroca da canhanha”. Significa por exemplo, “falar o roto do amassado”.
CANHÃO. Mulher feia.
CANHARANA. Árvore de madeira avermelhada, muito comum no litoral catarinense, muito parecida com o cedro. Aurélio registra como árvore nativa de Santa Catarina, com a seguinte etimologia: [Do esp. caña +-rana]S. f. Bras.1. Certa árvore de SC].
CANINANA. Espécie de cobra não venenosa. Também chamada de cobra rateira, muito comum no litoral catarinense, contrariando a definição de Aurélio. Confira: [Do tupi ñakani’nã, ‘cabeça em pé’.] S. f. Bras.
1. Réptil ofídio, da família dos colubrídeos (Spilotes p. pullatus (L.)), comum em todo o Brasil, exceto no litoral meridional. Coloração parda, {...} Alimenta-se de rãs, pererecas, lagartos, ratos e ovos de animais, e vive geralmente em matas, podendo subir nas árvores. [Sin.: iacaninã, arabóia, cainana.]
2. Fig. Pessoa de mau gênio; víbora.”
CANJICA. 1- Dentadura.
2- Guisado doce à base de milho branco ou verde.
CANJICUDO. Dentuço.
CANTARIAR. Esculpir a pedra bruta.
CANZIL. Canga de boi. Var. Canzili, canzilo, cangili, cangilo.
CANZOLA. Ninho do marimbondo. Registrado em Florianópolis. Modo de os ilhéus dizerem ”casola”. “Num frevido de marimbondo que tivera a canzola desmanchada.” (O. d’Eça - Vindita Braba, p 54) Q.v. Casola
CAPAR. Castrar. “Capar os dois azarados que apareciam no vídeo.” (M. Tenfen p 55)
CAPARRA. (l.planalt.) Adiantamento de dinheiro por um serviço. Sinal para assegurar um negócio. Senha. (Jéferson Davis de Paula, Op cit)
CAPARROSA. Designação vulgar de alguns sulfatos. (def. A.E.XXI) Antigo remédio à base de vinho, prego velho, enxofre, etc, contra vermes e anemia.
CAPELO. (manez.) Forcada do beque na proa da canoa. (Dicionário de Regionalismos da Ilha)
CAPENGA. Que tem defeito numa das pernas, manco, penso, torto, esguelhado. “O trânsito da cidade é capenga e é difícil transitar pela city.” (DIARINHO – Geral – 27 demaio de 2009)
CAPIÁ. O mesmo que biurá. Lágrimas de Nossa Senhora. Rosário, terço. “Fazer um chá com nove sementes de capiá” (S. Jr Termos cit )
CAPILÉ. Nome antigo dos xaropes, geralmente de groselha, que se mistura à água para fazer um refrigerante.
CAPINS. Antigo bairro da cidade de Balneário Camboriú. Lugar compreendido entre o “Cangalheiro” e “As Valas”, atualmente incorporadas ao centro da cidade.
CAPIVARI. Nome de uma cidade do sul do Estado, desmembrada de Tubarão.
CAPOROROCA. Nome de uma árvore comum das matas catarinenses.
Designação comum a várias plantas da família das mirsináceas. (def. A.E.XXI)
CAPOTE. Modo de raspar a mandioca até a metade. Depois joga-se a outra parte para o companheiro terminar o serviço. Diz-se também da capa grande, sobretudo. “Raspávamos a mandioca, fazendo capote.”
CAPUTERA. Localidade da cidade de Imbituba.
CARÁ. 1-Variante de acará. [Do tupi aka’ra.] Peixe teleósteo, percomorfo, da família dos ciclídeos, pertencente a diversos gêneros e espécies, sendo o Geophagus brasiliensis - Quoy & Gain. (def. A.E.XXI).
2- Carapão. (tubérculo da família das dioscoreáceas).
CARAGUATÁ. Um dos nomes da bromélia gravatá. [Do tupi karawa’tã, ‘croá duro’.] Designação comum a vários gêneros da família das bromeliáceas, dos quais há espécies ornamentais, que são epífitas e terrestres; {...} craguatá, (def. A.E.XXI).
CARAMBOTA. Cambalhota.
CARANCHO. 1- Adjt,Caranho. (S. Jr Termos cit)
2 – Sbst. Espécie de gavião.
CARANGA. Gíria para carro. Var Carango. “Pelas 21h30, um sujeito passou a bordo de uma caranga e mandou dois tirombaços no Verruga.” (DIARINHO – Polícia – 27 de maio de 2009)
CARANHO. Nariz de folha. Pessoa que se mete em festas sem ser convidada. Tito Carvalho diz que é uma ave de rapina.
CARAÓ. Nome de uma Ilha no município de São Francisco do Sul.
CARAOLHO. Nome de um rochedo na cidade de Bombinhas. “Caraolho, rochedo solitário no meio do mar `a entrada da baía” (Luizilla p 52)
CARAPÃO ou CARÁ-PÃO. Tubérculo semelhante ao taíá, cuja massa é usada para fazer pão. [Do tupi ka’rá.] Designação comum a várias espécies da família das dioscoreáceas.(def. A.E.XXI)
CARAPEVA. Nome de um peixe da água doce, semelhante ao cará. Atribui-se este nome à fêmea do cará. Peixe teleósteo, percomorfo, da família dos gerrídeos (Moharra rhombea).
CARAPICU. 1-(c.l.c) Porção de carne muito saborosa, concentrada na face da tainha, dentro
da azelha.
2- Nome que um pequeno peixe muito comum na Lagoa do Ibiraquera.
CARAPITO. Cume, cimo, alto de alguma coisa, tope.
CARCA! Interjeição exclamativa imperativa que ordena sair, botar pra correr: “Fora!” “Pira!” “Carca!” “Deita o cabelo!”
CARCAÇO.1- Exortação, bronca.
2- Qualquer objeto muito velho. Homem velho.
CARCANHO. Calcanhar.
CARCAR. 1- Se mandar, fugir, dar no pé, escapar, sair, cair fora.
2- Acarcar, pisar, socar com os pés, recalcar. “Nem quis saber, carquei esporro.” (M. Tenfen p 62)
CARDAÇO. Metátese de cadarço.
CARDENETA. Metátese de caderneta. Muito utilizada antigamente em pequenos comércios para anotar compras a crédito.
CARDOSA. Enálage de Cardoso. Hipoteticamente, a esposa do senhor Cardoso. Para o falante vulgar antigo, era a dona Cardosa. A mulher que tivesse o sobrenome Cardoso, flexionava-se para Cardosa: Maria Cardosa, Helena Cardosa etc.
Por suposto então, em quase todo o litoral catarinense, chama-se cardosa para a sardinha {peixe actinopterígios, clupeiformes, isospôndilos, clupeídeos (def. Aurélio)} que se julga popularmente ser a fêmea do charuto {Peixe teleósteo, caraciforme, caracídeo (def idem)} que no litoral catarinense é chamado de cardoso.
CARDOSO. Charuto. Peixe teleósteo, caraciforme, caracídeo (Leporellus cartledgei),
CAREANOS. Bairro da cidade de Florianópolis –SC.
CARECER. Que carece, que precisa, que falta. Carência. Os antigos usavam o termo “não carece” como intróito de agradecimento. Antes de se receber um presente por exemplo, era costume dizer “Não carece” ou seja: “não precisava”. “A menina carecia de remédio.” (M. Tenfen p 30)
CARENÇO. (C.l.c.) Enálage de carência, convertida indevidamente no gênero. Ansiedade. Ex: “Este menino tem um carenço.”
CAREPA. Qualquer tipo de casca ou escamação. Erupção cutânea, ferida.
CARIBAMBA. (l.planalt.) Charlatão, curandeiro. (D. Soares - Linguagem Serrana p 14)
CARIJO. Barbaquá. .Quadrado de madeira, revestido de Bambu, formando uma espécie de peneira sobre o qual é colocada a erva-mate para secagem, a partir de um fogo brando contínuo. “No oeste de Santa Catarina o carijo, sistema de secagem da erva-mate está sendo presentemente abandonado. . .”
CARIMÃ. Bolo feito de massa de mandioca crua. (N. V. Pereira Op cit p 30)
CARIOLAN. Corpo que envolve a inflorescência do coqueiro. Calha. (S. Jr Termos cit)
CARNEGÃO. Material purulento, razoavelmente endurecido que sai de furúnculos e de espinhas carnais. Locenço.
CARNEIRA. Sepultura de cimento em forma de gaveta. (O. Furlan - Brava e Buena Gente p 143)
CAROCHA. (ró) Bezouro, escaravelho.
CAROLA. Muito religioso, principalmente muito católico. Palavra conhecida na região de Olhão em Portugal. “Eram bem conhecidos carolas.” (L. Baptista Op cit p 118)
CAROLO. 1-Resíduo mais graúdo, granulométrico e crocante, da farinha de mandioca, imediatamente menor que a carueira ou quirera. “Enquanto a ceia não era servida, ficava-se brincando de mastigar farinha, estalando os carolos entre os dentres.” (A. Rebelo p 200)
2-Socioleto dos taxistas de Bal. Camboriú que significa: pouco trabalho, pouco movimento na praça.
CAROVA. (ró) (do guarani) Caa = mato, folha + arób = amargo. Arbusto florífero e medicinal parecido com Ipê Roxo, da família das bignoniáceas. Var. Caroba.
CARRADA. Montoeira, bastante, carrada de barro.
CARRANCA. Cara feia, cancarra.
CARRASPANA. Porre, bebedeira. “Espere passar a carraspana que ele melhora.”
CARRILHO. (espanhol). Pequeno carrinho. Aparelho para dar acabamento em obras de arte feita em gesso.
CARROCHA. Mandíbula. (Gloss. Vida Salobra)
CARUERA. (c.l.c.) Carueira (ro). Diz-se do resíduo mais graúdo das raspagem da mandioca. Carolo. Quirera. “Moça que separa bem a carueira/ não encalha nem fica solteira” (Cantiga popular)
CARUNCHO. Nome genérico de diversas espécies de insetos ou fungos, ou ainda o pó originado de seus resíduos, que atacam diversos materiais. Biloro.
CARURU. Cururu. Designação comum a várias plantas alimentares da família das amarantáceas.
CASCALHO. Pedaços de pedra. Lascas extraídas do beneficiamento da pedra.
CASCAR. Baixar, descer, fazer acontecer. P. ex: Cascou um mandado de água (chuva forte) cascou o pau (impingiu grande velocidade no carro) Cascou-se um pé de vendo.
CASCOTE. Filhote da corvina. Termo registrado na cidade de Florianópolis. (Novo Dicionário da Ilha)
CASERA. Cova para semear as sementes, principalmente, de melancia e pepino.
CASOLA. (c.l.c.)Nome que se dá às colméias de marimbondos. Na cidade de Rio dos Cedros registramos enchú. “Enchu de bespa”, casulo. Othon D’Eça grafou “canzola”, em Vindita Braba. Q.v. Canzola.
CASQUEIRO. A primeira tábua que sai da tora da madeira.
CASQUIADO. Diz-se de quando o ponteiro resvala dentro do ponchote (orifício), retirando uma lasca de pedra do orifício, inutilizando-o, o que obriga a ser refeito.
CASTALHO. Suporte de madeira da mesa de prensa dos engenhos de farinha. (Novo Dicionário da Ilha)
CATANHÃO. Espécie de caranguejo em Florianópolis. (Dicionário de Regionalismos da Ilha)
CATARINA. Apelido do catarinense “Amanhã farás um teste / E se fores bom remeiro / Tua carteira eu pago / CATARINA aventureiro / Irás trabalhar comigo / E ganhar muito dinheiro.” (João Manoel Lopes - Pequeno Pescador - in O Pescador)
CATARUCHO. Hibridação de catarinense e gaúcho. Habitante da divisa com o Rio Grande do Sul, em especial na região de Lages.
CATATAU. Relação ou relatório volumoso.. “Fiz um catatau desse tamanho e apresentei ao chefe.”
CATATUMBA. Variante de catacumba.
CATEGA. (c.l.c.) Categoria. Espécie de auto elogio. P.ex.: “Fiz a jogada na catega.”
CATINGA. Mau cheiro, fedor.
CATINGUEIRO. 1- Nome de uma árvore em extinção, antigamente muito abundante nas
restingas e caatingas.
2- (sul do Est.) Cozinheiro. (Inf. Valdir Amaral -BC)
3- (sul do Est.) Montador de Barracas. (Idem)
CATINGUENTO. Que exala mau cheiro, fedorento.
CATRALHO. Pequeno bote. (Novo Dicionário da Ilha)
CATREFA. Catrepa.
CATREPA. (c.l.c.)Palavra que na linguagem popular do litorâneo inculto, substitui todos os substantivos coletivos específicos. P.ex. Catrepa de lobos, catrepa de bicho, catrepa de formiga, catrepa de gente, catrepa de ladrão. Aurélio e Silveira Bueno trazem um verbete semelhante, denominado caterva.
CATUEIRO. (lit. cat.). Rede ou tarrafa grossa.
CATUÍRA. Localidade da cidade de Alfredo Vagner.
CATURRA. Espécie de banana. “Banana maçã, banana caturra...” (Defreitas p 48)
CATUTO. (c.l.c.)Fruto do catuteiro. Em algumas regiões se diz cabaça ou porongo. É possível que seja um autêntico catarinensismo, pois não está consignado em nenhum outro dicionário. “Parecia um catuto boiando na água” (Isaque de Borba Corrêa - Poranduba Papa-siri p 77)
CAÚNA .(do guarani) Caa+una= Árvore preta. Árvore das matas catarinenses, que produz um pequeno fruto preto.
CAVERÁ. Topônimo designativo da Lagoa do Caverá na cidade de Araranguá.

CAVOUQUEIRO. (C.L.C) Socioleto de broqueiro. Aquele que cavouca, que cava, que faz covas, que faz a mina onde vai a pólvora para explodir o granito. O mesmo que arigó. .”Não queria ser cavouqueiro pois as pedreiras não eram renováveis” (J.A. Rebelo - O Menino e a Pedreira, p19)
CAXAMBU. Caxambu do Sul, cidade catarinense. Silveira Bueno, registra como nome de uma dança de negros.
CAXÉ. Sobrecasca do pinheiro, rica em resina. Excelente combustível. (A. Braun Op cit)
CAXUMBA. Inflamação nas glândulas parótidas. Parotidite epidêmica.
CEAR. Fazer ceio. Q.v. ciar.
CEBRUNO. Para os litorâneos catarinenses é o mesmo que zebruno ou zibruno. Aurélio diz que é o animal de pêlo cor de chumbo.
CEIA. Janta. Antigamente se dizia ceia para a janta e janta para o almoço. Conforme escreveu o historiógrafo camboriuense José Ângelo Rebelo: “E enquanto o almoço que era chamado de janta e a janta que era chamada de ceia, não eram servidas.” (Op cit p 200)
No sul do Estado existe uma frase maliciosa que se diz para o noivo no almoço: “Não coma muito senão à noite, não cabe a ceia.” A cacofonia “cabaceia”, promove a malícia com a palavra cabaço. (hímen)
CEIO. Fazer ceio, que designa uma manobra na bateira com a palamenta.
CELAMIM. Forma erudita da palavra salamim. Segundo Aurélio [Do ár. tamAnC, pl. de èumnyya (t), 'oitavo'.]S. m. - Antiga unidade de medida de capacidade para secos, equivalente à 16ª parte de um alqueire (1), ou seja, 2,27 litros.
CELHEADO. Animal que tem as sobrancelhas brancas
CEPA. (C.l.c.)1- Ponta dos dedos de quem rói unhas. Sabugo do dedo. P.ex.: “Roeu tanto as unha, que só deixou a cepa,
ficou só no sabugo.”
2- Raízes ou bulbo de determinadas plantas. Touceira. P.ex.: “Dá-me a cepa desta dália para eu plantar.”
CEPO. Toco de pau. Pedaço de tronco de madeira.
CERÃO. Balaio que é colocado em cada um dos lados do burro.
CERQUEIRO. Animal que não respeita a cerca. Costuma pular ou rebentar as cercas para fugir do pasto.
CETRA. Dialeto da região norte do Estado que quer dizer funda. Lá mesmo se usa o termo chilóida e raramente, estilingue. Var. Setra.
CEVE. Espécie de cerca em forma aproximada de balaio, de forma meio elíptica, unida aos fusos, preenchendo todo o tamanho do assoalho do carro-de-boi, que serve como uma espécie de carroceria, para fazer transporte neste tipo de veículo. Var. Seve.
CHACHO. De Sacho. Chucho. Vara apontada que serve para fazer orifício para depositar as sementes, cuja função é auxiliar na semeadura, evitando que o agricultor curve o corpo, em situação ergonomicamente incorreta.Termo registrado na cidade de Rio dos Cedros.
CHACOALHAR. Chocalhar, balançar. “O vento gélido soprava sem trégua, chacoalhando porta e janelas.” (E. Athanásio - A gripe da Barreira p 67)
CHACOALHO. Chaqualho.
CHALADO. (c.l.c.)Morto da preguiça, com muita preguiça. “Tá chalado da preguiça.” Silveira Júnior traz a versão chaleado. (Op cit)
CHALAR. Gozar da cara do outro. Provavelmente síncope de chalacear. “Vi o Bilu chalaceando minha cara com um risinho frouxo.”
CHAMA-CHEDA. (c.l.c.) Peça de madeira do carro-de-boi, onde é fixada a cheda.
CHAMACHO. Mancal onde são fixadas as pernas do carro-de-boi para encaixar as rodas. (Dic. de Regionalismos da Ilha)
CHAMARRITA. 1- Nome de uma erva medicinal que em alguns lugares é conhecida
como assa-peixe.
2- Nome de uma dança. Oswaldo Furlan assevera que esta seja uma palavra estritamente açoriana.
CHANCHA. Espécie de jogo parecido com a sacanha, jogada antigamente no centro do litoral catarinense. (Q.v.) Sacanha. Há informação de que no Rio Grande pode se chamar de chincha.
CHANCHÃO. Antiga moeda de quarenta réis: “... nunca faltara um níquel ou um chanchão...” (O. d”Eça p 32)
CHANCHETA. Antiga brincadeira infantil em que se usava o chanchão. Cada participante “casava” uma moeda, formando-se com elas um montinho. De uma determinada distância deste montinho, um participante de cada vez atirava o chanchão. Antes porém, o jogador “tirava o ponto”. Isto é, inicialmente atirava-se a moeda próximo ao monte. Quem conseguisse colocar o chanchão mais próximo do montinho, era o primeiro a bater no montinho de moedas com o chanchão. As moedas que ele conseguisse virar, de cara para a coroa, poderia ficar com elas. Esta definição é parte da informação de Ilson Rodrigues, de Florianópolis. Traz também a grafia “sancheta”. No centro-norte do litoral, existia um jogo semelhante chamado sacanha. Q.v. Sacanha e estoradinha.
CHANCHO. (do esp. plat.) Porco, na linguagem campeira. (D Soares - Folclore Brasileiro p 14)
CHANTÃO. (c.l.c.)Tirziu. Nome de um pássaro também conhecido como ferreirinha.
CHAPA. (c.l.c.) No centro do litoral catarinense as crianças dizem das figurinhas que são muito comuns num álbum de coleção.
CHAPADO. 1- Carregado, lotado, cheio.
2- Bêbado, drogado.“Meu pai chegava em casa chapado, arrebentava tudo a pontapé.” (M. Tenfen p 29)
CHAPECÓ. (Do guarani ) Echa = ver + apê = caminho + cô = roça: Cidade do oeste catarinense que quer dizer: “lugar onde se avista o caminho da roça”.
CHAPUERADA. Chá feito com muitas ervas. (Novo Dicionário da Ilha)
CHAPULENTADA. Bofetada, chulapada. “te do-te uma chapulentada por riba do pau do ranho que te ajójo”(Isaque de Borba Corrêa – Colóquio - inédito)
CHAPULENTAR. Esbofetear, acertar em cheio.
CHAQUALHO. Chocalho. Instrumento musical rústico, feito de catuto e baguinhas de lágrimas de Nossa Senhora.
CHARANGA. Carro antigo, velho.
CHAREDON. Ribeirão afluente do rio Tijucas.
CHAROLA. (ró). (c.l.c.)(chulo) Piça, pica. Pênis avantajado. Chulapa.
CHARQUE. (l.planalt.) (Do esp. plat. ch’arqui) Manta de carne-seca ao sol. No litoral se diz “carne-seca”.
CHASQUE. Portador, mensageiro na linguagem gauchesca do oeste catarinense.
CHAVELHA.1- Espécie de sardinha muito espinhenta. Variante de savelha (Brevoortia tyrannus aurea (Agass.))
2- Pino quadrado que serve para fixar a canga ao cabeçalho e auxiliar o tamueiro.
3- (Mec.) Furo quadrado. “Rasgo de chaveta.”
CHECHECA. (chulo) Xexeca, ximbica, vulva de criança.
CHEDA. Prancha lateral do carro-de-boi, onde são fixados os fueiros. Aurélio atribui sua etimologia à “cleta” do Céltico.
CHEPA (ê). Ponta de cigarro, bituca.
CHEPEIRO. Pessoa que junta as chepas de cigarro do chão para fumar. Por analogia se diz a qualquer catador de lixo, pedinte, mendigo, etc.
CHIADO. (n. cat.) Corrido. Pessoa que chia. Idiotismo do norte catarinense que identifica o jogador que chia por estar perdendo. No centro do litoral se diz “corrido” para aquele que corre do jogo quando está perdendo.
CHIBA. Lance do jogo de skat. Do falar de Brusque, originado do alemão schueben, Ex.: “Perdi duas cervejas numa chiba.” (C. Campos Op cit)
CHIBABEIRO. Gíria para maconheiro, no litoral catarinense.
CHIBARRO. Para os litorâneos do centro de Santa Catarina, diz-se do animal capado. Mas na expressão que abonamos a seguir, o autor parece que nos dá conotação contrária. “A claridão do céu azul, prenuncia geada de matar chibarro novo”.(Fernando Tokarski, p 14) “...Um bode novo, castrado, um chibarro que pretendia engordar” (Rádio Peão p 48)
CHIBERO. No Glossário do livro ‘O Velho Balseiro’, Heitor Lothieu diz se tratar de uma espécie de contrabandista que levava mercadorias pelo Rio Uruguai, da Argentina para o Brasil e vice - versa.
CHICHO. Termo usado em diversas regiões do planalto, serra e oeste catarinense, para designar o que no litoral chamam de espetinho e em algumas regiões do Brasil, “espetinho de gato”. Toletes de carne, espetados e assados vendido por ambulantes em festas públicas.
CHICO. (n. cat.) Menstruação, “estar com o boi”. Linguagem vicentista que ocorre em quase todo litoral do Brasil e desce até São Francisco do Sul, para designar a mulher quando está menstruada. Francisco Filipak detectou esta palavra no Espírito Santo (Conf. Dicionário do Espírito Santo). No centro do litoral catarinense se diz “tá-com-o-boi”. O escritor parnaguara Roberval Defreitas, diz o seguinte:“Se as mulheres que estiverem de chico, menstruada, mexerem no barro, as peças racharão ao serem queimadas.” (Defreitas pp 42-43)
CHILIQUE. Faniquito ou finiquito.
CHILITA. Zorra. Superestrato de influência alemã ou italiana para denominar o que na maioria dos lugares do litoral se chama zorra. Uma pequena carretinha para arrastar cargas. Nestes locais de colonização ítalo/germânicas em Santa Catarina usam a variante zora. Andrieta Lenard afirma que em Rodeio diz-se “slita”. Jéferson Davis de Paula, sugere que origina-se do alemão “Schiliten”.
CHILÓIDA. (n. cat.) Funda. Regionalismo joinvilense. Lá também se usa setra. Euclides J. Felipe sugere origem alemã Schleuder e grafa “Schilóida”.
CHIMBEZINHO. (l.planalt.) Raquítico na linguagem campeira. (D. Soares - Folclore Brasileiro)
CHIMBICA. 1- Xexeca, vulva de menina criança.
2- Fumbica.
CHIMIA. Doce para colocar no pão. Conduto para o pão. Pode ser mais um agregado da língua alemã, em nosso substrato lingüístico. “Schimia”. (D. Soares - Falares da zona teuta - Op cit p 16)
CHIMIRA. Chimia. Termo regional de Brusque. (C. Campos Op cit)
CHINA. (gauch.) Menina. Quanto à etimologia há duas hipóteses:
1- Arthur Tramujas Neto, aventa a hipótese de que provenha do guarani “Che-ína”. Q.v. Piá. (Rev. Leite Quente -02)
2- Aurélio Ferreira registra origem do quíchua, “tchina”- fêmea de animal - através do esp. plat. Var. Chinoca.
CHINCHA. (do esp. plat.) (l.planalt.) Faixa de couro usado como freio da boca do cavalo. A expressão “levar na chincha”, se diz do mesmo modo que levar “em rédea curta”. Qualquer tecido forte que passa por baixo da barriga da cavalgadura para segurar a sela.
CHINCHARRA. (c.l.c.) Pequeno pássaro da região central do litoral, em franco processo de extinção.
CHINCHILARIA. (c.l.c.) Coisa que exige muito cuidado, melindroso, cioso.
CHINCHO. Aparelho para dar formação ao queijo. Com este nome é mais conhecido no litoral em outros lugares pode-se ouvir ginjo. “Mais apertado que queijo em chincho.” (ditado popular) Abraço bem chinchado é metáfora de chincho.
CHINEQUE. (n.cat.) Pão doce. Idiotismo próprio das regiões de colonização alemã do norte do Estado em especial Joinville. No centro do litoral se diz massinha, pão-doce.
CHINOA. Corda feita de casca de embaúva.
CHINOCA. Variante de china. Menina, guria.
CHIPUTA. (n. cat.) Pirão de água fria. Exemplar típico do falar francisquense. Em outros lugares pode se chamar de náilon. No centro do litoral catarinense chamam jacuva ou jacuba
CHIRIPÁ. Espécie de poncho. Q. v. Xergão.
CHISPAR. Xispar. Q. v. Cisca.
CHOCHA. (chó). Armadilha para caçar tatu. Var. Xocha, socha.
CHOCHO. Mole, frouxo, flácido, sem consistência, molengo.
CHOFRO. Farfalho. Sapinho de boca de criança. “Chofro eu corto em nome de Deus e da Virgem Maria.” (Parte de uma estrofe de benzimento.)
CHORORÔ. Gíria de Choro. “Depois da derrota o chororó foi grande.”
CHOTO. (l.planalt.) Nome que os oestinos dão ao facão. (E. Felipe op cit)
CHOXA (chó). (c.l.c.) Armadilha para pegar tatu, no litoral. Var. Sócha.
CHUCA. Chupeta de criança.
CHUCA-CHUCA. (c.l.c.) Tipo de penteado em criança. Chup-chup.
CHUCHO. Chuncho.
CHUÇO.1- Variante de chuncho
2- (l.planalt.) Espingarda pequena. Q.v. taquari. (Crônicas do Oeste p 112)
CHUINHA. Suja, pobre, miserável. “Depois dos supapos da vida chuinha”(Fernado Tokarski, p 15)
CHULAPA. 1- Tapa, tapaço, bofetada.
2- (chulo) Vulva grande.
CHULAPADA. Tapaço, bofetada.
CHULEAR. Reforçar uma costura com chuleios, laços. O folclorista Doralécio Soares diz que chulear é laçar a rês-boldosa. (D. Soares - Aspectos do folclore catarinense p 89)
CHUMBAR. Ato do pedreiro de fixar alguma coisa na parede. Chumbar o batedor da porta na parede, é um exemplo. O pesquisador Fernando Alexandre cita chumbar como sendo o ato de pilar o café, para tirar a casca. No centro do litoral diz-se o mesmo do feijão. Chumbar o feijão, bater com o chucho ou mangual para malhá-lo.
CHUNCHAR. 1- Roubar, afanar, cucar.
2- Fazer uso do chuncho.
CHUNCHO.1- Roubo. P.ex.: “O prefeito foi afastado porque deu um chuncho na
prefeitura.”
2- Vara apontada que serve para fazer os orifícios, onde se depositarão as sementes nas lavouras. Registramos chacho na cidade de Rio dos Cedros.
CHUP-CHUP. Chuca-chuca. Penteado que consistia em fazer uma onda na parte de cima dos cabelos dos meninos, tipo “anel de pato”.
CHURRILHO. (Do esp. plat: chorrilho) (l.planalt.) Caganeira, escurricho, churrio, ligeirinha.
CHURRIO. (do esp. plat.) (l.planalt.) Diarréia, caganeira em animais. No centro do litoral ouve-se dizer escorricho. (E. Felipe Op cit)
CHUSPA. (l.planalt.) Bolsa. Linguajar campeiro.(D. Soares Op cit p 15)
O Padre Alvino Braun diz que é uma bolsa de borracha para guardar fumo picado.
CIAR. Fazer ceio. Aprumar a embarcação com um remo parado na água. Q.v. sear.
CILIBRIM. Fachilete. Lanterna grande que se usa na pesca de fisga, na captura de tainha.
CIOSO. Que exige muito cuidado. Sensível.
CIQUINHA. Derivado e diminutivo de cica, aferético de bucica, cachorra.
CIRIGOLA. Pequena argola. Registrado em Curitibanos e Criciúma.
CISCA! Expressão usada pelo povo do oeste, para enxotar cachorro. Eneas Athanázio, faz uso deste termo. “Cisca daí, jaguara!” (Op cit p 56)
CISCADO. Assustado, desconfiado. (E. Felipe Op cit)
CLAFETE. Medida de capacidade que compreende 3 m³ de lenha na cidade de Blumenau. Silveira Júnior atribuiu à origem teutônica: Klafter. (S. Jr Termos cit)
CLAPA. Alçapão. Idiotismo brusquense. Var. de clápis. (Inf . do dentista Eduardo Cherem)
CLÁPIS. (n.cat.) Alçapão. Termo registrado em Joinville para o alçapão. Provavelmente originado de um som onomatopéico que imita o barulho da tampa do alçapão quando desarma. Var. bátis.
CLARAÍBA. Nome de uma localidade da cidade de Canelinha.
CLICA. Variante de quilica na região de Brusque, segundo o historiador Walter Fernando Piazza. (Walter Piazza - Folclore de Brusque p 178)
COALHEIRA. Peça da curiama, em forma de coleira que se coloca no pescoço do cavalo.
COCA. (có). (Lt. sul) Armadilha feita de embira para pegar siri, é o mesmo que sarico. Em outras regiões pode ter maior abrangência e servir para capturação de peixes, a exemplo do cove ou do jiquí.
COÇA. Surra, sumanta, tunda, camaçada ou camassada de pau.“ Negro, quando chegares em casa tu vais ganhá uma coça de pau.” (Isaque de Borba Corrêa – Janga- um pioneiro da fé, p 43)
“Cara leva baita coça e aguarda familiares no Marieta!” Diarinho de 21 de abril de 2006.
COCHA. (co) (c.l.c) Diz-se da tensão que se dá aos três cordões que vão formar cordas, cabos, em especial à madre do espinhel.
COCHADEIRA. Aparelho rústico, feito para cochar os fios.
COCHAR. Trançar os fios que vão formar uma corda, engronhar. (Inf. Pedro Sabino da Silva - Camboriú)
COCHO. Tanque de lavar roupas, ou de lavar a mandioca nos engenhos. Depois serve para guardar a massa.
COCÓ. Coque. Tipo de penteado chamado “bosta de vaca”.
COCOROCA. (ró). (Lit. cat.)1- Massaroca, croca..
2- Nome de um peixe. Designação comum a várias espécies de peixes teleósteos, perco-morfos, da família dos pomadasídeos, gênero Haemulon (Cuv.), especialmente Haemulon sciurus (Shaw).
COCUDO. Que tem os cocos grandes, colhudo, peitudo, corajoso. “Um morador cocudo e consciente denunciou” (Diarinho nº 6736 p 9)
COIÔ. Jacu, mocorongo, mané-coco, tajabicu, bocomoco, jacu, jeca, bocó.
COITÉ. Cabaça, catuto, porongo. (Novo Dicionário da Ilha)
COIVARA. Roça. Capoeirão derrubado para a queima. “Meu pai tinha filhos na coivara de café.” (Elaine & Bebel p 167)
COLHERA. (l.planalt.) Dois animais presos pela mesma arreata. (D. Soares p 167)
COLHUDO. Homem que tem os colhões ou culhões grandes Q.v. Culhões. “... não ingistia colhudo prá ponhar o pasquim na casa dele”. (Memórias de um menino p 50)
COLORADO. Tipo de pelagem de animal branca e vermelha.
COLUDO. (c.l.c.) gíria de sortudo, largo, rabudo.
COMBINA. (c.l.c.)Dois jogadores que jogam em cumplicidade, jogam combinados. Bina. P.ex.: “Vocês dois estão jogando na combina.”
COMBINAÇÃO. 1- Quando se está jogando em combinação.
2- Roupa íntima feminina constituída de calcinha e sutiã. Em alguns lugares apenas a anágua.
COMBIRA. (lit. n. cat.) Tainha escalada e seca ao sol. Linguagem vicentista que grasa no litoral brasileiro, acima e abaixo de São Paulo e chega a São Francisco do Sul, para denominar a forma de conservar o peixe. O escritor parnaguara Roberval Defreitas cita: “Comemos combira, pirão do mesmo e bagrinho amarelo.” (Defreitas p 41)
Na cidade de Penha ouvimos a variação “cambira”.
COMBRO. (lit. cat.) De cômoro, com síncope e desdobramento da labial nasal na bilabial.(def. A.E.XXI)
Síncope de cômoro. Barranco existente nas praias desertas. Em ambos os casos, (combro ou cômoro) geralmente a linguagem vulgar traz somente o artigo no plural: “os combro, nos combro, etc.”
COMICHÃO. Comicheira.
COMICHEIRA. Coceira. “O texto do memorando do ‘amigo’ até que estava razoável, não fosse pelo final: ‘solicito abonação do ponto do referido dia, por estar com uma forte comicheira no cu’” (Rádio Peão p.73)
CONCERTADA. Bebida feita com café, cachaça, cravo e canela. “Então o dono da casa convida-os a entrar e tomar licor de café, chamado concertada” (Luizilla p 44)
CONDUTO.1-Acompanhamento principal de uma comida. “Cheira o conduto e come o pirão” ditado popular em Florianópolis.
2- (Lit. Sul). Nome das valas de escoamento de águas das arrozeiras.
CONGÁ. (Lit. Sul) Saco onde se coloca o peixe capturado pela tarrafa. Bungá, Gongá. Em Camboriú chama-se mariana.
CONSTIPAÇÃO. Gripe, difursão, influeza.
CONTAPÉ. (c.l.c.)Pontapé.
COPALAMA. Praia coberta de lama, na cidade de Tijucas.
COPIÚVA. Cupiúva
COPO.(có) Metaplasmo de supressão por síncope de cópio. Pano da rede. Panero.
COQUE. (c.l.c.) Cocó. No centro do litoral catarinense chamam esse tipo de penteado de “bosta de vaca em cima de uma pedra”.
CORAZ. Apócope de coragem.
CORDERO. Animal que obedece bem as cordas, que aceita bem a corda, que se comporta bem nas cordas. Veja sogueiro.
CORÉIA. Antiga denominação das zonas de meretrício, especialmente no litoral do Vale do Itajaí.
CORÓ. 1- (subst.) (l.planalt.) Espécie de largata que vive em paus apodrecidos. Bicho do pau podre.
2- adjt. Rabugento, impertinente na cidade de Tijucas.
COROCA. (ró). Biruta, berolo, coró.
COROTE. Pequeno barril para vinho ou cachaça. “4 garrafões de vinho e um corote de cachaça.” (Crônicas do Oeste p 97)
COROTO. Linguagem da anatomia humana popular para designar os testículos do homem. (O. Cabral - Vocabulário de consultório médico, BCCF -tomo 4 junho /1950)
CORRECA. (ré). (c.l.c.)Nome de um pássaro muito comum carriça, curruíra.
CORRIÇÃO. Formiga carregadeira. Registrado em Rio dos Cedros.
CORRICAR. (c.l.c.)Curricar, estradear, “bater pé por aí”, andar na estrada, passear.
CORRIDO. Aquele que corre do jogo. Chiado.
CORRIQUEIRA. (c.l.c.)Mulher que anda muito na estrada, que gosta de passear.
CORSEIRA. Que é do corso, tainha do corso. “ A corseira que passa aqui no Rio Grande” (Luizilla p 54)
CORUPÁ. Cidade do norte catarinense fundada em 1958.
COSCA. (c.l.c.)Variante de cócegas.
COSTILHARES. (Do esp. plat. costillar) (l.planalt.) Costelas inteiras. (Gloss. Vida Salobra)
COVE. Covo.
COVO. Espécie de cesto usado para fazer armadilha de pesca.
CRACA. (Lit.cat.) 1- (subst.) Designação de seres que vivem grudados em objetos debaixo do mar. Q.v. Buzão.
2- (adjt.). Sujeira, encardido.
CRAMAZELA. (c.l.c.)Pessoa que só vive reclamando.
CRAVELHA. (Lit. n. cat) Dispositivo dos instrumentos de corda, que serve para apertar as cordas. “Apertar a cravelha” pode ser uma metáfora que indica resistência, firmeza. “A viola de onze cordas, tinha cinco cravelhas.” (Defreitas p 20)
CRIAR PÉ. (C.l.c.). Abatomar. Diz-se do bolo que não cresce.
CRECA. (cré)(l.planalt.) Variante de queca (chulo). Vulva.
CRINALBO. Crinaldo.
CRINALDO. Diz-se do animal que tem o pêlo da crina mais alvo que o resto do corpo.
CROA. (Crô). Síncope de coroa. Banco de areia no meio do mar, baixio, restinga. No planalto se diz para o tope do morro.
CROCA. Metaplasmo de supressão com síncope de cócora.
CROMIU. Aférese de curumilho. Q.v. crumiu.
CRONHA. Metaplasmo de supressão com síncope de coronha. Semente de um cipó conhecida como olho de boi ou mesmo a coronha do revólver.
CROSENA. Deformação da palavra querosene.
CROSTE. Espécie de queijo feito do colostro.
CRUERA. Crueira. Síncope de carueira. Quirera
CRUMIU. Forma sincopada de Curumiu, Q. V. Curumiu, curumilho.
CRUMILHO. Curumilho. Mandibulas de homens ou animais. Var. Crumiu, crumilho, curumilho, gurumilho.
CUBICO. Nome de um pico, morro no município de Araranguá.
CUCA. Cabeça, inteligência: “(A escovinha era um corte de cabelo) que consistia em uma raspagem do cabelo ao redor da cabeça, deixando o alto da cuca, revestido por cabelos encurtados.” (A. Rebelo p 247)
CUCAR. (c.l.c.)Afanar, roubar, furtar, chuchar.
CUCUIA. Usado geralmente no plural e na expressão “foi pras cucuias”. Expressão que significa dizer que alguma coisa não deu certo, não conseguiu o intento, acabou etc. “Ir pras cucuias”, pode servir como eufemismo de morrer. “Um bingo clandestino foi pras cucuias na noite de sexta-feira. Os milicos estouraram uma jogatina ilegal que funcionava na esquina da rua 1500 com a 1536, no centro de Balneário Camboriú.” (DIARINHO - MAIS DE 30 MÁQUINAS CAÇA-TANSOS SÃO APREENDIDAS – 08 de março de 2009)
CUCURUTO. Tópe, cimo. Variante de cacaruto.
CU-DE-BOI- Briga, encrenca, inguiço. “O cu-de-boi foi tão grande que a polícia esteve no local” Diarinho, 16 de agosto 2006
CUERA. (gauch). Referente à jugular da canga que une os animais. Por analogia diz-se do companheiraço, amigo, parceiro. “Ele foi o cuera da coxilha chata.” (E. Athanásio p 39)
CUI. (c.l.c.)Qualquer coisa, coisa insignificante que causa estrago, coisa indizível, coisa sem nome, sem qualificação. “O que aconteceu? - Sei lá, foi deu um cui aí e esteporou tudo!”
CUIA. (lit. cat.) Espécie de concha, feita com catuto, para retirar água de dentro da canoa.
CUÍCA. Pequeno maribondo que costuma fazer sua casola ou enxu na folha da bananeira.
CUICÃO. Hastes, parafusos, dentes de madeira usadas em engenhos e carros-de-boi. Variante de caicão.
CUJÁ. Nome que se dá no sul do Estado ao ratão do banhado. Nútria. (Inf. Pedro Sabino - Camboriú)
CULAPADA. (c.l.c.) Nome comum de uma espécie de pescada, “pescada culapada”.
CULHÃO. (chulo). Testículos, tabaco.
CUMIEIRA. O cumo da casa. A parte mais alta do telhado, cumeada, cumeeira. e com o tempo, formara na cumieira, pequenas cascatas de picumam.”(Júlio César Garcia “Coluna do Garcia” Jornal Acontece no Vale, Ano I nº 11 p 03)
CULHA. ( L. planalt.) Cuia, cabeça. (Gloss. Vida Salobra)
CUMO. (C. l. c.) Na linguagem vulgar da carpintaria do centro do litoral catarinense, refere-se à cumeeira da casa. P. ex. “Vou incaliçá o cumo”
CUNHATAÍ. Cidade catarinense. Literalmente, quer dizer “mulher formiga”, na língua dos índios.
CUPIÚVA. Arbusto ou pequena árvore das matas catarinenses (Tapirira guianensis).
CÚQUINA. (c.l.c.)Cuca. Bolo com massa de pão. Silveira Júnior afirma que vem do alemão Cuchem (sic) ou Kuchem .
CURÉ. (do guarani) Porco. Buite.
CURICA. (N. cat.). Cócegas.
CURISCO.1- (subst.) Raio.
2- (adjt.). Pessoa rápida, ligeira.
CURRALHO. A borra do café, em alguns lugares diz-se borralho. Q.v. Escurralho.
CURRICAR. (c.l.c.)Passear, andar na estrada, “batê pé por aí.”
CURRICHIAR. Curruchiar.
CURRICO. Tipo de pesca praticado na cidade de Bombinhas.
CURRIOLA. (ó). Currumaça, cacalhada, confraria. “Taquei ordem na curriola.” (M. Tenfen p 57)
CURRIQUEIRO. Aquele que currica, estradeiro.
CURRU. (rú). 1- (subst.) Pequeno pássaro em extinção no litoral catarinense. (currum)
2- (adjt.). Tanso, burro, muito usado na expressão: “Mais tanso que filho de curru.” Metáfora popular do centro do litoral catarinense, inspirada na “capacidade” da ave, em receber inúmeras pedradas em seu redor, sem se mover do lugar.
CURRUCHIAR. (c.l.c.)Diz-se de um som produzido por alguns pássaros, no ritual de acasalamento. “O passarinho curruchiô, curruchiô, até que a fema(sic) apariceu.” (Expressão literal de Jorge Doose - BC)
CURRUÍRA. Nome de um pássaro muito comum. Correca, carriça.
CURRUMAÇA. (c.l.c.)Curriola, turma, clã.
CURRUPIAR. (c.l.c.)Rodopiar. Girar em torno de algo... P. Ex: “O carro currupiô em cima do asfalto e incapotô” (Expressão literal de José Joceli da Silva -Camboriú)
CURUBICHÁ. 1- Novilho brabo
2- Nome de um ribeirão na serra catarinense.
CURUCACA. 1- (subst.) Ave ciconiforme, da família dos tresquiornitídeos (Theristicus caudutus) (Bod.)
2-(adjt.). Mulher feia, desajeitada, cafetina.
CURU-CURU. Pequena ave das matas catarinenses, cujo canto parece imitar seu nome.
CURUMILHOS. (c.l.c.)Mandíbulas. Carrinhos, queixada. Usual no Vale do Itajaí e no litoral. No oeste é mais usual a forma haplológica curumiu.
CURUMIO. (l.planalt.) Os dentes, principalmente dos eqüinos e muares. Euclides José Felipe exemplifica com um ditado popular: “Baixar os curumios”, que significa comer rápido, às pressas. (E. Felipe Op cit)
CURUMIU. Iodização de curumilho.
CURURU. (c.l.c.)Caruru. Designação comum a várias plantas alimentares da família das amarantáceas. Espécie de erva que produz um grão conhecido pelo nome de cururu.
CUTELO. (c.l.c.)Nome que se dá ao beija-flor em quase todo o estado, em especial no litoral. Pode-se ouvir também “cuitelo”.
CUTIA. Árvore da família das rutáceas que produz varas finas e resistentes muito usado na fabricação dos bodoques, lacinhos, esparrelas, arcos de flecha, fueiros, etc.

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