sexta-feira, 12 de junho de 2009

REVISTA LÍNGUA PORTUGUESA

Confira uma reportagem sobre sotaques, em especial sotaque catarinense

O SOTAQUE NO PAPEL
http://revistalingua.uol.com.br/textos.asp?codigo=11450

terça-feira, 2 de junho de 2009

nosso chibolet

SE QUÉS, QUÉS; SE NÃO QUÉS, DIZ

FIQUE À VONTADE PARA COMENTAR, MAS PRINCIPALMENTE COLABORAR. SE VOCÊ CONHECE ALGUM TERMO EM SUA REGIÃO QUE NÃO ESTÁ CONSIGNADO AQUI, POR FAVOR, CONTRIBUA E SE FOR REALMENTE VERDADEIRO, CONFIRMADO, SEU NOME SEGUE AO LADO DO VERBETE COMO ABONADOR DO TERMO.
OBRIGADO
ISAQUE DE BORBA CORRÊA

Dicionário Catarinense

Aqui algumas páginas do Dicionário Catarinense.
Nesse blog você poderá conhecer as razões porque os catarinenses falam diferente.
Um vocabulário de aproximadamente 3.000 expressões que se constituem perfeito idiotismo catarinense, sabendo que atualmente com a facilidade dos meios de comunicação e com ajuda do fenômeno "turismo" as palavras se disseminam por todo o País. Dificilmente hoje algum lugar tenha algum termo que ainda não foi exportado.

O Dialeto Catarinense

Em Santa Catarina, por sua variedade etnográfica, torna-se difícil identificar todos os falares e sotaques, haja vista a influência dos idiomas europeus e asiáticos em quase todas as regiões.
Cada região veio com o seu dialeto. Inclusive a língua indígena muda de tribo para tribo e de taba para taba. O Brasil tinha diversas tribos, e quando se queria identificar uma palavra indígena, dizia-se que era do “tupi-guarani”, o que equivale dizer que um termo é inglês-alemão. Os tupis tinham a sua língua e os guaranis, do mesmo modo, tinham a sua. Duas nações com duas línguas muito parecidas, tipo português e espanhol. Confira no campo lexical as expressões “tiba” e “tuba”, que exemplificam o que afirmamos.
O mesmo acontecia com a língua dos negros africanos, por que cada um vinha com um sotaque diferente, conforme a sua localidade de origem. Também os imigrantes que povoaram o território catarinense trouxeram suas culturas, seus sotaques e os dialetos de suas regiões de origem, pois em muitos países, inclusive os de pequena extensão, fala-se diversos dialetos. Tais dialetos, com o passar dos anos, criaram sotaques e falares diferenciados pelo estado catarinense.
Todo estrangeiro, quando chega a uma nova terra, a última coisa que quer perder é a língua que falava na terra-mãe. E, também, a última coisa que ele vai adotar em sua plenitude é a língua nova. Consciente ou inconscientemente, por preconceito ou por insegurança, o falante imigrante teima em resistir à nova língua.
Muitas vezes o imigrante sente-se incapaz ou inseguro para articular novas palavras. Fazê-lo mudar de língua é uma coisa muito traumática, é como arrancar alguma coisa de dentro de si. Muitos imigrantes mais simplistas não fazem conta das vantagens do bilingüismo. Com o tempo ele acostuma seus ouvidos às novas palavras e vai paulatinamente tomando gosto pelos sons da língua adotiva e vai se libertando do unilingüismo.
Fica faltando-lhe também apoio dos mais diversos tipos à sua língua natal, especialmente a linguagem visual, a escrita, que nós vemos todo momento em frente dos nossos olhos em placas, out door, etc.
Esta miscigenação formou os adstratos e superestratos, no substrato lingüístico catarinense, apoiados no fenômeno da interlingüística.
O fenômeno da resistência da língua, também se verifica intracorporis. O emigrante interno de um país, se recusa a adotar o sotaque da terra de adoção.
O homem em sua terra natal vê-se bombardeado por todos os lados por coisas escritas: outdoors, panfletos, papéis etc. Isto já não acontece com o estrangeiro. Ele perdeu de vista o seu falar escrito e, com isto, a sua língua vai sofrendo desvalorizações graduais e, aí, começa a comistão e a difusão na linguagem oral da população localizada. Esta comistão vai fazendo a nova linguagem: esta que estamos estudando, a linguagem catarinense.
Os descendentes destes imigrantes, ao contrário de seus pais, fazem o caminho inverso. Falam melhor a língua de onde estão morando e apenas trazem fortes traços da língua dos pais.
Santa Catarina é territorialmente muito pequena e recebeu uma quantidade enorme de imigrantes. O resultado não poderia ser outro: uma diversidade enorme de falares. Por outro lado, esta riqueza coloquial nos oferece recursos lingüísticos poderosos para podermos estudar as origens do vernáculo.
Para que possamos entender esta vasta variação de sotaques, falares e subfalares, se faz necessária uma rápida relembrada na formação do povo catarinense no início do povoamento.
O governo português povoou o litoral de Santa Catarina com portugueses continentais e oriundos do arquipélago dos Açores e da Ilha da Madeira, a fim de que o povoamento por si só promovesse a proteção dos limites da colônia brasileira, em especial dos ataques espanhóis. Foi a maior e mais significativa leva de imigrantes no território catarinense e a que mais contribuiu para a linguagem catarinense e a nossa cultura, de um modo geral.
Este povo veio habitar o litoral e a sua descendência é facilmente reconhecida pelo falar chiado e cantado, ritmo acelerado, esticando sonoramente as sílabas tônicas das palavras. O povoamento açoriano veio mais especificamente para o centro e sul do litoral, precisamente para a Ilha de Santa Catarina, que era alvo principal dos espanhóis e até hoje é desejada pelos platinos.
Podemos dizer que a Ilha de Santa Catarina foi a concentração mais forte do povoamento açoriano. Diríamos que ali foi seu epicentro, depois seguiram fortes levas para o sul do Estado. Já para as bandas do norte da Ilha não foi tão forte assim.
Para o sul foram encaminhados muitos casais, até o Rio Grande de São Pedro, hoje Rio Grande do Sul. Foram muitos casais para Porto Alegre, tornando-a a maior cidade de origem açoriana do País. Era chamada de Porto dos Casais, porque para lá seguiu uma grande leva de casais açorianos.
Para fazer o povoamento de novos locais, veio gente de outras localidades de Portugal continental, como os “ericeiros”, que chegaram a Porto Belo. Curioso notar, que se apregoa de forma exagerada como sendo totalmente açoriana a colonização do litoral catarinense.
Parece-me que tem poderoso “marketing” sobre o termo “açoriano”. Uma das causas que podemos afirmar é o fato de que, sendo Florianópolis o mais forte núcleo do povoamento açoriano em Santa Catarina e sendo, atualmente, o maior centro cultural do Estado. É daí que vem a maior parte de intelectuais e historiadores, em especial a UFES e a UDESC, que formam a opinião e a literatura catarinense sobre o assunto, iniciando-se então a cadeia propagandista açoriana. Eles formaram a opinião de que todo o litoral é de cultura açoriana, e isto passa batido para o resto de Santa Catarina, que é menos informado.
No caso de Porto Belo, à época denominada de “Enseada das Garoupas”, onde em algum tempo se pretendia fazer uma colônia que se denominaria “Colônia Nova Ericeira”, porque era formada por casais vindos de Ericeira, em Portugal. Com a falência desta colônia os casais abandonaram o local e foram se espalhando, tanto para o norte como para o sul e pelo que consta, mais para o norte do que para o sul. Vejamos que, mesmo na cidade de Porto Belo, ninguém cultua a cultura “ericeira”, mas sim a açoriana. Inclusive atribuía-se aos ericeiros a fundação da cidade de Camboriú e arredores, apesar de que seu primeiro morador nasceu em Lamego, Concelho de Viseu. Em Balneário Camboriú existe um bairro chamado Vila Real, que homenageia o local de origem de seus primeiros moradores, oriundos do Concelho de Vila Real, vizinho de Viseu, norte de Portugal.
Vilson Francisco de Farias, afirma que “a Ilha de Santa Catarina em seu contorno continental até Laguna, foi o espaço geográfico selecionado para implantar a base deste ambicioso esquema colonizador do açoriano do Sul do Brasil”, e, ilustra com o mapa abaixo e denomina o nome dos lugares onde foram dispostas as famílias açorianas: São Miguel da Terra Firme (atual Biguaçu), São José da Terra Firme (São José), Nossa Senhora do Desterro (Florianópolis), Nossa Senhora do Rosário (Enseada de Brito), Santana da Vila Nova (Imbituba) e Santo Antônio do Anjos (Laguna). (V. F. de Farias, Dos Açores ao Brasil Meridional, p 243)
Santa Catarina tem muitos diferenciamentos de linguagem, haja vista o grande número de colonização estrangeira. Daí nasceram fortes focos de linguagem no Estado.
Considerando os indígenas e seus inúmeros dialetos; passando pelos colonizadores europeus, asiáticos, africanos, gauchescos e paulistanos que trouxeram os falares que lotearam o território catarinense. Alemães, italianos, japoneses, ucranianos, russos, letos, eslavos, austríacos, gregos, poloneses e outros sem contar ainda, a influência castelhana da região fronteiriça, todos estes deram a sua contribuição à linguagem catarinense. Misture a isso tudo, os inúmeros dialetos trazidos pelos africanos.
Mesmo neste emaranhado de falares conseguimos destacar como principal a linguagem luso-açoriana-madeirense-vicentista, que é a mais forte, mesmo não sendo a de maior abrangência territorial, mas por ser de origem portuguesa que é a nossa língua.
Esta linguagem catarinense é importante para qualquer estudioso da língua portuguesa no mundo, porque estes ilhéus viveram muito isolados, conservando a linguagem original e a fidelidade lingüística portuguesa.
Em Santa Catarina, o mais importante subfalar de origem portuguesa está na região norte catarinense, com epicentro na cidade de São Francisco do Sul. Um subfalar que poderemos denominar de falar francisquense.
O falar do francisquense é muito especial e diferenciado dos demais, inclusive das outras localidades do litoral catarinense, numa jurisdição que se irradia pelo norte catarinense, passa por Joinville, Pirabeiraba, e segue o litoral do Paraná. Pelo oeste adentra a Guaramirim, Schoroeder, Jaraguá do Sul e pode até ser ouvido em Corupá. Ao sul desce a Barra do Sul e a Barra Velha. Esta linguagem parece seguir a linha do trem em direção ao planalto norte, e vai deixando rastros pelas cidades onde passa: Campo Alegre, São Bento, Rio Negrinho, Mafra, Porto União e até em Irineópolis detectamos resquícios do falar francisquense. De qualquer forma, sempre diminuindo de intensidade à medida que se afasta do epicentro, exceto quando segue o litoral em direção ao Paraná e São Paulo. Até no norte do litoral e sul do Rio de Janeiro. Esse falar é o verdadeiro falar vicentista.
No livro Coisas do Meu Litoral, nota-se a proximidade literária de Paranaguá com São Francisco do Sul. Inclusive o vocábulo “Chico” conhecido em São Francisco, retratado neste livro, foi detectado no Estado do Espírito Santo. Isto prova que, neste pedaço de litoral do Brasil, podem existir semelhanças no linguajar.
Este falar, é proveniente dos vicentistas que inicialmente colonizaram São Francisco, daí a acentuada igualdade lingüística entre São Francisco Xavier do Sul e as demais localidades litorâneas de São Paulo, a antiga província de São Vicente.
Em direção ao norte, seguindo o litoral, como já dissemos, este falar pode atravessar a linha divisória do Estado. Adentra a Garuva, Itapoá e Itapema do Norte, atravessa todo o litoral do Paraná e abrange quase todo o de São Paulo.
Sendo um falar vicentista, neste caso não seria este sotaque que sobe até São Paulo e sim desce de São Paulo até a região de São Francisco. E com certeza sobe de São Paulo em direção ao Rio de Janeiro. Em todo o litoral do Paraná e de São Paulo pode-se ouvir este sotaque entre os nativos.
Isso me faz lembrar um caso de polícia na história do nosso País. Quem não se lembra do Bandido da Luz Vermelha? Os mais jovens como eu, só lembram do final da sua história, quando ele se tornou uma celebridade, vejam só, por ter cumprido os 30 anos de prisão, por seus crimes hediondos. Ele era nativo de São Francisco do Sul. Embora ficasse mais de 30 anos em São Paulo, não perdeu o sotaque francisquense.
O fato de este sotaque irradiar-se pelo norte catarinense atribui-se muito à questão da influência portuária da cidade de São Francisco, que atrai muita imigração. As proximidades com a cosmopolita Joinville também pode ter influído como agente disseminador deste sotaque. Dizemos isto porque encontramos resquícios deste falar até em Irineópolis e, principalmente, um foco de sotaque muito parecido com o do francisquense na cidade de Rio dos Cedros. Esta localidade se aproxima de Rio Negrinho pela parte norte, o que pode dar a idéia de ter sido ali uma porta de entrada do falar francisquense em Rio dos Cedros.
A cidade mais próxima de Rio dos Cedros, pelo sul, é Timbó, onde predomina a influência da colonização alemã com a mistura cabocla dos litorâneos. Em Rio dos Cedros pudemos notar que a influência alemã de Timbó não afetou a linguagem deles; muito pelo contrário, eles têm forte influência de colonização italiana.
Permanecemos mais dias em Rio dos Cedros porque achamos este fenômeno muitíssimo interessante e, por esta razão, foram elencadas muitas expressões daquela cidade no campo lexical.
Sem dúvida, o litoral catarinense é o mais rico em expressões idiomáticas, e isto surpreende até pessoas de outras regiões próximas que vêm para o litoral. E por que o litoral é mais rico em expressões idiomáticas que as demais regiões do Estado?
A resposta é simples: porque no litoral fala-se um tipo de português que remonta a uma espécie de português arcaico. As pessoas oriundas de outras regiões, quando chegam no litoral ficam admiradas com o jeito do falar típico do litorâneo. Aqui temos mais enfaticamente a idéia de como se falava a língua portuguesa antigamente, por exemplo.
É muito interessante o falar em Santa Catarina, porque sendo o Brasil homogeneamente de língua portuguesa, é muito próprio que onde se fale mais com este tipo de sotaque, tenha-se raízes e origens mais profundas.
Apesar de que, em Santa Catarina, esse fenômeno não é mais reparado. O visitante quando chega ao Estado, é recebido por gente que não fala mais aquele língua original. Morreram os velhos que falavam aquele sotaque cantado e chiado. Os novos se aculturaram e são minoria. É mais fácil o visitante ser recebido por um irmão de sotaque, do que um “Catarina” de pêlo duro.
Se estamos estudando a língua portuguesa e as suas origens, é mais comum e mais conveniente estudarmos as localidades onde se fala o idioma mais original. Nas demais regiões catarinenses há forte influência de outras línguas estrangeiras. Lá se ensina e se fala o português correto, erudito, oficial, segundo a norma culta e, certamente por isso, as pessoas criadas nestas regiões não arriscam a criação de termos dialetais.
A maioria dos termos “diferentes” criados nestas localidades origina-se de empréstimos de termos das línguas originais com termos da nossa língua tomada de empréstimo. Daí surgem tentativas errôneas na pronúncia das palavras, alterando a prosódia e a fonética de algumas palavras, dando origem a outros termos. A este estágio poderíamos denominar de difusão ou comistão das linguagens, porque se misturam e formam uma “nova língua”. É o fenômeno do interlingüismo se manifestando.
Nas localidades de cultura e influência portuguesa a criação de termos chega a ser impressionante e torna o idioma um dos mais criativos do mundo. No litoral, onde não há focos de línguas de outros países, a língua portuguesa é aprendida naturalmente, à vontade e daí, origina-se a espontaneidade do povo, fluindo por esta causa a enormidade de palavras que os litorâneos criam com muita liberdade e facilidade.
É lógico que numa localidade com raízes em outro idioma, não se criem idiotismos portugueses e sim de sua língua de origem. Neste caso, criando-se um idiotismo com base originada na língua estrangeira, ele passa despercebido pelo pesquisador da língua portuguesa, a menos que este tenha profundo conhecimento da língua predominante na região pesquisada.
Se afirmamos que no litoral fala-se um português diferente, cantado era porque o catarina do litoral falava cantado e chiado , mas ainda conserva o ritmo acelerado. O litorâneo fala chiado porque ele faz um reforço fonético nas palavras terminadas em / S / ou no plural, puxando este / S / para um som parecido com o /G/ em “gelo”. Os lingüistas, baseados no alfabeto fonético universal, a representam com a consoante /J/.
Vocês, por exemplo, é pronunciado “vocege” representado assim: vocej.
Seria o som próximo do fonema representado pelo dígrafo /CH /, aquilo que os lingüistas chamam de /S/ chiado-álveo-palatal.
É uma herança bem típica do galaico. Os povos espanhóis que se situam ao norte de Portugal, na região da Galícia, representam esse fonema pelo /X/. É comum em mapas medievais, ver-se grafado a capital dos portugueses, com /x/ ao invés do /s/: LIXBOA. Isso baseado em termos em que o /X/ tem esse som chiado, como em lixo, graxa, faixa, caixa etc.
Existe em Santa Catarina um chibolet que explica isto, na famosa frase “Se queres, queres, se não queres, dize”, que os catarinenses litorâneos pronunciam “Se qués, qués; se não qués, diz”.
Este chibolet comporta-se isófono numa área geolingüística, estrita ao centro do litoral catarinense, onde não há influência de nenhum outro linguajar que não seja de origem portuguesa. Neste contexto é onde se manifesta a língua principal, castiça. Sobre isto, disserta com muito brilho o emérito lingüista e Professor Doutor Oswaldo Antônio Furlan na sua obra magistral “Influência Açoriana no português do Brasil”. Na página 101, ele traz um capítulo sobre as “vertentes dos traços fônicos do açoriano-catarinense”.
Sobre o chibolet acima referido, o professor Furlan confirma:
“Em Santa catarina a palatalização do /S/ travante compreende a parte central da faixa litorânea, a qual perfaz cerca de 160 km dentre o total de 400, numa latitude de 20 a 30 km” (Op cit p. 103-104).
Doutor Furlan conclui que:
“O atual açoriano-catarinense resulta de coiné formada pela miscigenação, em épocas sucessivas, de principalmente três grupos etnolingüísticos, cujo falar devia então apresentar variantes ainda pouco acentuadas relativamente ao português europeu continental e aos demais falares brasileiros, bem como da natural evolução dessa coiné. Estes grupos etnolingüísticos são:... {...} Paulistas... Açorianos... Outros (Portugal continental e de póvoas da costa brasileira”. (Furlan p. 176)

Dizem que o catarinense litorâneo fala cantado porque ele dá um reforço no som, esticando sonoramente as sílabas tônicas das palavras. Ele faz entoar reforçadamente a sílaba tônica das paroxítonas, em especial no final de uma oração, sobretudo se for exclamativa: “Quando ele mi xingô, eu virei num demoooooonho!!!”.
Já na região oeste e, principalmente, na região serrana, a linguagem principal é o “gauchês”. Principalmente na região de Lages, onde habita o “catarucho”, uma mistura muito própria de catarinense com gaúcho e que, neste caso, fala o “cataruchês”. Também falam o “paranês” da fala do “leiTE quenTE”.
Este sincretismo cultural moldou a figura do “catarina”, apesar de que muitos não gostam de assim serem chamados.
“Catarina”, “manezinho”, “barriga-verde”, “papa-siri”, “açoriano”, “fala cantado”, “fala chiado”, “fala rápido”, “fala português”, “português”, “portuga”, são alguns adjetivos com os quais pessoas de outras regiões do Brasil gostam de nos qualificar. Nas demais regiões de Santa Catarina, o sotaque é basicamente idêntico àquele que denominamos de “ falar oestino”.
Já dissemos que macrometricamente Santa Catarina divide-se em dois grandes grupos lingüísticos. O falar do litorâneo e o falar do oestino; para lá ou para cá do maciço da serra Geral ou do Mar.
A linguagem do oeste catarinense é uma mistura de influências lingüísticas estrangeiras, principalmente o italiano com influência gauchesca; aquela linguagem que os paranaenses estão atribuindo aos tropeiros. O Mestre Francisco Filipak diz ser “parano-tropeirista”.
O mapa dialetológico deste trabalho ilustra, na medida do que foi possível identificar, as variações da língua dos catarinenses pelas localidades onde distribuímos a pesquisa e os tipos de sotaques que ouvimos. A grande maioria das palavras ouvimos sem querer, outras de propósito nos foram informadas.
Agora vamos falar um pouco das colonizações mais importantes de Santa Catarina. Sabemos que a escravização do indígena foi um fracasso, vindo posteriormente a escravização do negro africano.
Muito antes da abolição da escravatura negra no Brasil já havia iniciado a colonização alemã em Santa Catarina. O primeiro núcleo foi em São Pedro de Alcântara em 1829. Os mais importantes núcleos alemães foram Blumenau e Joinville.
Os italianos, mais tarde, multiplicaram-se por muitas localidades catarinenses.
Japoneses, letos, austríacos e outros, fazem de Santa Catarina, um dos estados mais receptores de imigrantes do Brasil.
As comunidades estrangeiras ficam muito ligadas ao seu passado histórico e aos hábitos tradicionais. O imigrante europeu tem maior senso de preservação de sua história e cultura, buscando evitar o desaparecimento e a conseqüente perda de sua identidade cultural. Esta preservação tem durado anos e, em algumas localidades antigas de imigrantes, a preservação é mais que sesquicentenária, como é o caso da comunidade de São Pedro de Alcântara.
Precisamos ainda de um trabalho de campo exclusivo sobre as localidades de cultura estrangeira, pesquisas mais completas sobre seu povo e a língua de sua gente.

Razões porque falamos diferente

Alguns fenômenos lingüísticos concorrem para a formação do dialeto. Alguns desses fenômenos já estão classificados e estudados pelos filólogos, outras ainda demandam estudos mais aprofundados para receberem nome e classificação.
Desses fenômenos os que mais contribuíram para esta obra são os metaplasmos. Metaplasmo é designação comum a todas as figuras que acrescentam, suprimem, trocam ou transpõem fonemas nas palavras. São também chamadas de metagrama.
Os metaplasmos são três: os que adicionam, os que suprimem e os que permutam. Cada um desses três consiste em mais três, sendo que alteram o início, o meio e o final dos vocábulos.
Vejamos o esquema abaixo

ADIÇÃO prótese Epêntese, paraptixe
anaptixe ou suarabácti Paragogia ou epítese
METAPLASMO TROCA assimilação Dissimilação ou metátase apofonia
SUPRESSÃO aférese Síncope apócope

Exemplos
ADIÇÃO prótese Epêntese, Paraptixe
Anaptixe ou suarabácti Paragogia ou epítese
Agaranto por garanto
Insaião por saião Tareco por treco
Mendingo p/ mendigo Soli, mari por sol, mar
Dogi, tregi p/ dois, três.
SUPRESSÃO
(Hiférese) aférese síncope apócope
Tadinho por coitadinho
Vô por avô Aguidar por Alguidar
Grado por graúdo Bobagi por Bobagem
Está por estar
TROCA Assimilação Dissimilação ou metátese apofonia
Gardecido por agradecido
Atricado por taricado Tauba por tábua
Parteleira p/ prateleira Degavá por devagá
(com apócope)

Baseado nos quadro acima, proponho ainda:

Duplo-metaplasmo
Epêntese/apócope Esmolecê por amolecer
Triplo-metaplasmo
Prótese-epêntese/sincope Adispôs por depois
Tetra-metaplasmo
Prótese-epêntese-epítese/síncope *Adispogi por depois

*Adispogi. Foi inserido por prótese, a vogal inicial/A/. Foi inserido por epêntese a consoante/S/(dis). O ditongo /OI/ foi reduzido para a vogal /O/, apenas, devido à apócope da vogal /I/, conservando o /S/:.(pôs). E acresceu por paragogia em virtude da pronúncia chiante da fricativa terminal /S/, a pronúncia palatal (ge) cambiando p/ /I/= (gi)


Ainda no assunto dos metaplasmos, a NASALIZAÇÃO de alguns vocábulos, criam alguns epênteses interessantes.
A nasalização pode ocorrer em situação pós-vocálica, com a inicial /I/, mesmo aquelas iniciadas em /E/ iodizadas, com a vogal /A/ e com a vogal /U/

Com a vogal /A/ sancristão.
Com a vogal /U/ gauncho, minúncia, desnuncar
Com a vogal /E/ (iodizada) Inducação, inleição, ingistir, inzemplo, inzibir
Com a vogal /I/ (inicial) Inguinorante, indentidade, ingual, indêntico;
Com a vogal /I/ (medial) mendingo, aimpim, cimintério, insonso. uninforme.
Com a vogal /O/ insonso



Possivelmente o outro fenômeno que mais contribui e é o PARAGRAMA, fenômeno que consiste no emprego de uma letra por outra.
Entre vogais o paragrama mais comum é o IOTACISMO que é a inserção da vogal /I/ (IODE) por outra qualquer. Também dita Iodacismo e iodismo e em outros idiomas é mais comum o ypsilonismo.
Por enquanto no vocalismo, o único paragrama que tem nome é o câmbio com a vogal /I/.
O câmbio mais comum é trocar a vogal /E/ por /I/. Isso ocorre tanto quanto na vogal quando é inicial, quanto nas mediais ou terminais.
Se tivesse que inventar nomes para esses fenômenos os batizaria de procliódicos, mesocliódicos, encliódicos, pois ocorre iotacismo no começo no meio e no fim.
Eis alguns exemplos:
Inicial: Inticar por enticar*; intertido por entertido, deformação de entretido; impolar, incantar etc
Medial Incandiar, ao invés de incandear, deformação de encandear. Cadiado por cadeado.
Final Mãi, leiti, píris, Isaqui; por mãe, leite, pires, Isaque.
*Enticar me parece síncope de entisicar.



O cambio do /I/ com outras vogais é mais raro, mas também ocorre. Veja no quadro dos câmbios vocálicos.
É comum haver iotacismo em alguns ditongos. Veja nesse quadro
Câmbio de ditongos /OU/ que evoluíram para /OI/
Toiça, loiça, loira, oiro, chovedoiro, casadoiro, toicinho, oivido e moirão, ao invés de touça, louça, loura, ouro, chovedouro, casadouro, toucinho, ouvido e mourão.
Isso é uma herança tipicamente portuguesa. Regionalismo português que fez esse ditongo evoluir. A prova incontestável é o nome do metal ouro, pronunciado oiro. Tanto que a região portuguesa, em virtude do nome do Rio do Ouro, elisada para Douro, ainda é grafada Doiro. A região Além-Doiro, ainda é muito usada.
Assim como ocorre iotacismo nos ditongos /EO/ = Pricupado por preocupado
Creolina por criolina etc.
Ainda, mais por influência dos idiomas estrangeiros que o nosso, o Ypsilonismo é mais comum.
Exemplo clássico no espanhol Calhe por Caje. (caye).
Por deficiência da pronúncia da consoante /L/ (lambdacismo) ou mesmo pela inexistência dela em alguns idiomas, a consoante /L/ além de evoluir para /R/ (rotacismo) como faz comunidade nipo-brasileira. Porém no Brasil é muito comum este fonema evoluir para a vogal /I/ (iotacismo).
No litoral catarinense, é mais raro, porém chega a ocorrer a evolução da alveolar /L/ para Iode.

Eles – passa a ser /eies/, com o segundo /E/ cambiando para a pronúncia de /I/ /eiis > eiij/
Elas – passa a ser /éias/, com suave apagamento da vogal /I/, passando à pronúncia /éas > éaj/


A humorista florianopolitana que assume a personagem Dona Maricotinha, que faz parceria com o Maneca e os dois formam a dupla “Os Manezinhos” em determinado momento do show, ela faz a seguinte bricadeira.
- Minha filha- diz ela – certo dia mi priguntô si eu sabia o que era “nudez” e eu arrispondi que sabia: Antes dez (deles) ponhá no da gente, a gente põe “nu dez”.(no deles)
Esse “nu dez” significa “no dez ou seja, “no deles”. “No dez” deveria ser representado “no deij”.

O caboclo brasileiro forma iotacismo, em especial com o dígrafo /LH/: fio, muié, cuié, por filho, mulher e colher.
O falante vulgar de centro do litoral catarinense, é um raro falante que conhece a consoante /L/.A maioria das línguas não conhece o /L/.
Por isso na questão das evoluções com o dígrafo /LH/ nosso falante comete apenas a apócope com a consoante /R/ final. Mulhé e escolhê, por mulher e escolher.
Grande parte da contribuição do nosso dialeto vem da linguagem autóctone. No entanto o índio brasileiro desconhece o /L/. Principalmente quando o tem som específico de /L/ . Considerando que esta consoante tem duas pronúncias. Veja a definição do dicionário Aurélio:
- É pronunciado, em início de sílaba, como consoante lateral alveolar (como em laranja e em falar).
- Em final de sílaba, pode receber essa pronúncia, ou a da semivogal / w/ (p. ex.: jornal; soldado).
- Seguido de /h/, forma dígrafo que representa a consoante lateral palatal (alho, lhama).]
Quando essa consoante tem seu som modificado para o som da semivogal /W/ que é esse som muito próximo da vogal /U/. Aí o autóctone não tem problema, ele a pronuncia.
”Principaumente, federau, estaduau, municipau é fáciu, porque o /L/ tem som de /U/ o pobrema era, pronúncia, quando a consoante era iniciau.”
Era comum o caipira com extrema incapacidade de articular esta consoante, pronunciar qualquer letra, para substituir o /L/. Como dissemos o japonês usa a consoante /R/, e o nosso caipira, além de substituí-la pelo /R/ usava a consoante /D/.
A coisa ficava mais complicada quando o /L/ é consoante inicial.
Era comum se ouvir: Daranja, digero, por laranja e ligeiro.
Em alguns vocábulos, parece-nos impossível substituí-la.
Para evitar a pronúncia, o FALANTE VULGAR (doravante denominado FV) busca substituir completamente a palavra por sinônimos, pois essas palavras lhe soa muito erudita aos seus ouvidos. Ele simplesmente estranha a pronúncia, achando-se incompetente para pronunciá-la: Exemplo: lábio por beiço assim como lágrima, se dizia “água do zóio”.
O caipira do interior brasileiro pode desconhecer o /L/ devido à miscigenação com negro e índio. Muitas nações africanas e na sua grandessíssima maioria, desconhece esta consoante.
Daí o mameluco e o cafuzo, desconhece o /L/, porque o índio e o negro, desconhece o /L/
Por isso eles pronunciam veio por velho, fio por filho, mio por milho, taio por talho.
Vejam essa rima, numa famosa canção popular.
Ca marvada pinga q’eu me atrapaio,
Eu entro na venda e já dô meu taio,
Me atraco no copo e dali num saio,
Ali memo eu bebo, ali memo eu caio;
Só pra carregá é que dá trabaio.

É a única forma viável para rimar atrapalho, talho com caio e saio.
Por isso o repentista está desaparecendo. Antigamente era mais fácil compor. A ditadura da gramática não permite tais colocações. Quando não havia tamanha fartura de verbetes, era mais fácil compor.
Muitas vezes, o FV simplesmente não pronuncia a vogal, como em avoroçado, ao invés de alvoroçado.
De qualquer forma detectamos ainda um fenômeno contrário a este que ainda demanda estudo. Vocábulos terminados com o ditongo /IA/ antecedido pela consoante /L/, o falante vulgar acrescenta a letra /H/ criando epêntese, só para não pronunciar a consoante /L/, mascarando a sua influência.
Familha, Brasilha, Odilha, Maurilha por família, Brasília, Odília, Marília; bem como o equivalente masculino: Odilho, Marcilho, Maurilho por Odílio, Marcílio, Maurílio.
Da mesma forma ocorre com o ditongo /IO/ Tulho, Julho, por Túlio, Júlio etc.
Na farta toponomástica catarinense, em sua maioria de origem guarani, não temos palavra com a consoante /L/
Nos que falamos português, temos a consoante /L/ por sorte. Nossa origem é Latim que começa com /L/.
A evolução da dígrafo /LH/ por /I/ pode ocorrer em palavras como CURUMIU, Iodização de curumilho. Depois por síncope reduziu-se para crumiu.
Em exemplo de forte evolução, mais adequado seria dizer involução aconteceu com o vocábulo senhora e senhor.
Senhora por um processo de síncope, com ocorrência entre falantes de média capacidade, reduziu-se para sinhá. Neste caso, com flagrante iotacismo na primeira sílaba. (senhá).
Por aférese perdeu a consoante inicial e ficou Inhá. Esta com forte aceitação ainda pelas classes eruditas. Na fase do escravagismo, por exemplo, quando mais se deu esse uso, os próprios senhores se referiam assim aos seus escravos. Eles mesmos repetiam a palavra aos seus escravos fazendo a institucionalização do uso. Uma dupla de cantores eruditos fez muito sucesso com a famoso música “Índia”, chamava-se “Cascatinha e Inhá Ana”
De inhá ainda por aférese reduziu-se pra nhá, devido à forma nasalizada em que se encontra. A forma redobrada, era bastante incomum, mas também era usada: nhanhá.
Na verdade mais usado, por incrível que pareça era a forma masculina: nhonhô. Haja vista a política patriarcal comum nos séculos passados, a forma nhonhô, por parecer mais respeitosa, era entendida como mais adequada para se usar como um pronome de tratamento aos senhores.
Na política patriarcal, em virtude do papel secundário da mulher, não carecia usar tratamentos tão formais à senhora da casa.
A forma nasalizada do dígrafo /NH/, sobretudo posposto à vogal /I/, devidamente ou coincidentemente antepostos às vogais /A/ e /O/, facilitam a evolução ou a pronúncia mais acentuada do IODE. Por isso as formas nhanhá e nhonhô, evoluíram para Iaiá e Ioiô. Quem não conheceu a personagem Iaiá Garcia de Machado de Assis?
O lingüista Osvaldo Antônio Furlan, certamente o maior estudioso da linguagem catarinense, lembra o fenômeno do apagamento dessa vogal em algumas situações. Na verdade isso é um belo exemplo de síncope: caxa, pexe, bejo por caixa, peixe, beijo.
Registra ainda o acréscimo (epêntese) dessa letra em situação interconsonantal. Pineu, adivogado, abisurdo por pneu, advogado, absurdo.
O professor Furlan faz lembrar também o apagamento (apócope) do /L/ final e o conseqüente acréscimo do /I/ em vocábulos terminados em /EL) móvi, nívi, horrívi; por móvel, nível, horrível.
Antes de existir como nação, Portugal falava o castelhano, por que pertencia ao reino de Castela. O então condado portucalense, dirigido por Dom Afonso Henriques, se rebelou contra a mãe, Dona Tereza de Borgonha, porque ele havia se juntado com o conde Galego.
Afonso lutou contra a mãe, separou o estado e adotou o galaico, que é um dialeto castelhano, como língua pátria, só para consagrar com mais convicção a independência.
Muito antes disso, sabemos da influência árabe na península ibérica, que enxertou a região com vocábulos árabes.
O árabe usa fartamente a consoante /L/. Alarife, alface, álcool, são exemplos de palavra de origem árabe.
Continuando com o estudo dos paragramas, verificamos o cambio entre outras vogais, que apesar de ser mais raro, existe.
Mais para frente estudaremos o fenômeno Lambdacismo, que é a dificuldade de se pronunciar a consoante /L/. Citamos os exemplos acima, porque evoluíram para as vogais /I/ e /U/
Adiante, analisaremos pronúncias envolvendo consoantes.


Câmbios vocálicos
È mais comum que se pensa, a troca de vogais dentro do vocábulo. Quem pensar que é absurdo usar uma vogal ao invés de outra, vai ver que não é uma coisa tão rara assim. É só prestar mais atenção.
É muito óbvio, que são pronúncias em estado avançado de vulgaridade, cujo processo está em franca extinção, já que a tendência é cada vez mais buscar a correção.
Do mesmo modo que as últimas reformas ortográficas, fazem-nos estranhar determinadas grafias.
Os câmbios aqui verificados, são confrontados com a grafia do Aurélio XXI
Câmbio com a vogal /A/
A troca da vogal /A/ por /E/

Amanhén por amanhã.
Atarentado por atarantado
Atezanar por atazanar.
Bergamote por bergamota.
Breganha por barganha com metátese.
Desdanhar por desdenhar
Enchova por anchova
Esmolecer, com epêntese de /s/ por amolecer
Gadelha por guedelha.
Lançol por lençol. (oeste do Paraná)
Lember por lamber.
Maniatar por manietar
Réiva por raiva
A troca /A/ por /I/
Inté, pela proposição e interjeição até, com a contribuição da consoante /N/ como epêntese, nasalizando a expressão.
Minhã por manhã
Aripuca por arapuca
Chaminé por chiminé.
Garipuvu por Garapuvu
Biacu por baiacu.
Biririsó por Baririsô.
Finiquito por fanequito
Minzuá por manzuá
Sinhaçu por sanhaçu
Indoçar por adoçar.
Troca de /A/ por /O/
(Além de servir para diferenciar o feminino do masculino)
Fosta por fasta – (aférese de afasta) na expressão imperativa do cavaleiro para dar ré ao cavalo.
Monotaço por manotaço
Rancolho por roncolho
Tomem por Tamém (variação de também)
Cacumbi por cocumbi.

Troca de /A/ por /U/
Munzuá por manzuá.
Mutungo por matungo
Cacumbi por cucumbi.
Câmbio com a vogal /E/
A troca /E/ por /A/
Sará por será.
Bobiça por bobice.
Balostra por balaústre
Espavitada por espevitada
Estrabuchar por estrebuchar
Baja por Vagem
Samear por semear.
Alefante por elefante.
A troca /E/ por /I/
É uso generalizado no país, tanto em situação de vogal inicial,medial e terminal. Inticar por enticar,
cadeado por cadiado,
mãi por mãe.
Desinteria por disenteria ou disinteria.
A troca /E/ por /O/
Alicerço por alicerce.
Belota por bolota
Berno por berne
Cerno por cerne
Estromecer por estremecer.
Bardo por balde (com rotacismo)
Lambico por lambique.
Profeitura por prefeitura.
Bardo por balde, com rotacismo.




Câmbio da vogal /I/
A Troca do /I/ por /A/
Baguaçu por Biguaçu
Rebolir por rebolar – inclusa no Dic Aurélio
Troca do /I/ por /E/
Biquine por biquíni
Deferente por diferente
Univale por Univali
Troca do /I/ por /U/
Existe um certo e longínquo parentesco entre essas duas vogais. Tanto que no alemão, a vogal com trema , vira som de /I/.
Talvez apor isso, alguns vocábulos até se confundem como em derrubar e derribar.
Subraju por subraji
Isca por usca – modo de açular cachorro.
Aribu por urubu
Câmbio com a vogal /O/
A troca /O/ por /A/
(além de fazer o diferencial entre masculino e feminino)
Onte-ontem(ti) por antes de anteontem.
Barboleta por Borboleta
A troca do /O/ por /E/
Esta troca por vezes é até permitida como no caso de percentagem por porcentagem
Provalecido por prevalecido.
Distercer por distorcer.
Eitão por oitão.
Percura por procura (com metátese)
Tope por topo (de montanha)
A troca do /O/ por /I/
Avaloar por avaliar. Como nesse exemplo.
“-Pra fazê minha pescaria/ eu tenho a minha canoa/ no dia q´o vô no mari/ não dô remadas à-toa.
Minha pesca é de espinheli/ tenho feito pesca boa/ tenho pegado peixe/ que ninguém não avaloa”. (Poema de Loca Cambriú)
Biloro por Boloro (paragogia de bolor)
Bituca por botuca – Mosca botuca.
Bimba por Bomba – regionalismo norte catarinense.
Licenço por Locenço.
Nódia por nódoa
A troca do /O/ por /U/
(Em situação terminal é uso comum em todo o Brasil)
Brigadu por brigado, aférese de obrigado.
Coitado por coitadu
Já em situação medial é raro, como neste exemplo: balaostra por balaústre.
Câmbio com a vogal /U/
A troca do / U / por / A /
Aribu por urubu.
Urupuca por arapuca
A troca do /U/ por /I/
Imbigo por umbigo.
Ticum por tucum.
Aribu por urubu.
Ajitório por Ajutório – síncope de adjutório.
Machiche por machuchu.
Poipar (apoipar) por poupar
Boiba por bouba
A troca do /U/ por /O/
Endoreceu, por endureceu.
Arronhar por arruinar.
Laoza por laúza
Amôo por amuo.

Desconheço qualquer cambio da vogal /O/ por /U/, quando o /O/ é inicial. Exceto se ela tem na sua etimologia, alguma letra antecedente. Excluindo-se a tal letra, por aférese o som passa a ser de /U/, como em ucê, deformação de ocê, aférese de você.
Em situação conhecida por sinalefa, fundindo-se a vogal /O/ com a letra anterior, em especial a consoante /S/, assumindo o som de /U/


O ouvido
Os ouvidos > Os uvido >
O /S/ final que faz o plural do artigo, se funde ao substantivo, modificando-o em número. O substantivo passa para o singular, resultando em /o zuvido/
Até aqui, câmbio do /O/ por /U/.

Outras situações comuns de sinalefa.
: Orelhas > /a zorelha / Olhos > Os zólhos > as zunhas

De entremeio o uso é restrito, a ocorrência em situação pós-bilabiais favorecem a evolução para o /U/ como em bucado, buliero, buceta, buneco.
No final é quase generalizado na linguagem coloquial do brasileiro: abusadu, morenu, caprichu.


Câmbios Consonantais
Se no vocalismo existe poucos nomes para denominar os fenômenos, no consonantismo quase todos os paragramas têm nomes. O ceceísmo (/C/) e o deltacismo (/D/ e /T/), são fenômenos mais fonéticos. Por causa da pronúncia defeituosa por serem homorgânicas, ou seja, cuja pronúncia depende do(s) mesmo(s) órgão(s).
A dislalia é um problema que promove esses fenômenos. Não encontramos, por enquanto, nenhum exemplo lexical convincente que se possa grafar.

C Ceceísmo Guspir por cuspir
D/T Deltacismo Guinâni por Dinâni.
F Fefeísmo Catrefa por catrepa
G Gamacismo Rezistro por registro
J Jotacismo Zezus por Jesus
L Lambdacismo Nelvo por nervo
R Rotacismo Borso por bolso
S Esseísmo Dimanchar por dismanchar
Z Zetacismo Espargir por espazir

• Este é um fenômeno especificamente ocorrido em situação de dislalia, não sendo considerado em escrita. Pronúncia de tátaros.

CECEÍSMO. Dificuldade em pronunciar a consoante /C/.
Balango por balanço.
Galota por calota
Bongá por congá
Calocha por galocha
Camboa por gamboa
Ginjo por chincho.
Gagarejar por cacarejar
Chacho por sacho
Chocha por socha
Ganzil por canzil
Tatumbi ou catumbi por cacumbi.
Existe ainda o ceceamento, ato de pronunciar as fricativas alveolares apoiando nos dentes a ponta da língua.
DELTACISMO. O deltacismo não me consta nem mesmo da linguagem vulgar corrente. Em regra provocado por fenômenos fisiológicos.
Geralmente são tão ordinariamente pronunciado por falantes de alto nível vulgar, geralmente com problemas gerais de pronúncia, comumente os tátaros (tatibitate).

FEFEÍSMO. Dificuldade de se pronunciar a consoante /F/. Sua troca por outra consoante é um fenômeno raro com poucos exemplos na linguagem catarinensista. O exemplo citado é um clássico. Catrepa, é consagradamente usada. Possivelmente uma variação de caterva que por sua vez evoluiu para catrefa.
GAMACISMO. Impossibilidade ou dificuldade de articular a consoante velar /G/ O exemplo clássico disseminado no litoral catarinense o Rezistro. Tanto faz aquele dispositivo para interromper o fluxo de água, (rezistro de água) quanto o documento do cartório.(rezistro de nascimento)

Às vezes é completamente ignorado pelo FV: barrudinho por barrigudinho

Bacarote por bagarote.
Furuncar por furungar
Bungá por congá
Concá por gongá ou congá.
Cambeta por gambeta
Camboa por gamboa
Gumitar (forma original) por vomitar (forma erudita)
Jajibo por Jajigo.
*Franzido por frangido. (adjetivo)
O vocábulo franzido pode cambiar com frangido. É comum o FV trocar um pelo outro, sempre. Quando é frangido ele fala franzido e quando é franzido fala frangido.

Algumas terminações com “canga” pode haver conversão para “cana” como em
Caiacanga para Caiacana
Guaricanga por Guaricana.
Guiana por Caiana

JOTACISMO. Dificuldade na pronúncia da consoante /J/.
Zesus por Jesus
Zuzé por Jusé > José.
Ajulejo por azulejo

LAMBDACISMO. Dificuldade de pronunciar a consoante /L/. Vem de lâmbda, nome grego da letra equivalente à consoante /L/. Lambdacismo deve ser o fenômeno mais comum, quando se trata de paragrama.
Devarde por debalde.
Socoi por sócoli – este é como resultado da comistão ítalo-brasileira. Recebemos sócoli (tamanco), que o caboclo abrasileirou para SOCÓI. A síncope do /L/ reduziu o termo que foi facilmente iotacionado uma vez que a consoante /L/ favorece a iodização.
Termo bastante conhecido por toda a colônia ítalo-brasileira de Santa Catarina, uma vez que o tamanco é uma peça imprescindível no vestuário do homem.
Como este vocábulo contém a duas consoantes que se permutam entre si, é só trocar uma pela outra, conforme a vontade do falante.
Pode ser simplesmente ignorado como em caboco, avoroço etc
Outro exemplo de variação por lambdacismo é o vocábulo AGUIDAL.
De origem árabe, alguedar, que é um prato ou tigela de barro variou ainda em arguidá, aguidáli, e suas correspondentes aféreses guidá, guidáli etc.

PEPEÍSMO. Criei este nome para o fenômeno que trata das dificuldades de pronunciar a letra /P/ como em conta-pé ao invés de ponta-pé.

ROTACISMO. Refere-se à pronúncia viciosa da consoante /R/ e a sua equivalente troca por outra consoante.

Ao que consta nenhuma língua tem dificuldade de pronunciar o /R/. Há idiomas, considerados trepidantes de tanto que usam esta consoante. É o caso da língua eslava, ou melhor, das línguas eslavas, pois a língua eslava se reparte em diversas sub-línguas.
Eslavo, vem do latim medieval “sclavo” que quer dizer escravo. No inglês Slave é um exemplo ainda melhor. Isso sugere uma linguagem originada por gente considerada inferior. Falantes ainda mais vulgares, do que os falantes usuais nas línguas consideradas principais. Se eram vulgares no princípio da linguagem, usada por gente inferior e se usam com facilidade a consoante /R/, é um prova de que a pronuncia desta vogal é de fácil assimilação.
O Eslavo é um grupo lingüístico da família indo-européia (Europa central e oriental), que se divide em três grandes subgrupos: eslavo ocidental (poloneses e checos e eslovacos), eslavo meridional (búlgaros, servo-croatas e eslovenos) e eslavo oriental (russos e ucranianos).
O eslavônio, usa por demais o som equivalente à nossa consoante /R/.


Mas porque então alguns falantes têm dificuldades em pronunciar este fonema? E o que é pior: trocam pela consoante /L/.
Mas como isso se explica, se há línguas que não pronunciam o fonema? Vamos explicar.
Certa vez estava numa oficina mecânica e o mecânico falou assim:
“Não consigo apeltar essa polca, tô ficando nelvoso com esta melda”.
Por quê então convertem o /R/ para /L/? Como pode então ocorrer essa troca?.
Citamos os exemplos de plumo e flauda ao invés de prumo e fraudas.
Neste caso o FV usa o recurso da segunda pronuncia do /L/. Ele deixa de usar a pronúncia formal alveolarizada, para pronúncia, velar palatal da vogal /U/.
Vejamos que o lambdacismo nestes casos, é vocalizado, ocorrendo com fonética do ditongo /W/. Ele pronuncia então:
“ não consigo apeutar essa póuca, tô ficando neuvoso com esta méuda.”
Credita-se esse fenômeno, a um outro chamado “ultracorreção”. O FV faz conotações de erros por rotacismo, como em: borso, carça, sór ao invés de bolso, calça e soli, paragogia de sol.
Em virtude desses rotacismos exagerados, ele tenta “corrigir” (ultracorreção) pronunciando a consoante /L/ em lugar desse /R/, porém mascarando o lambdacismo com a pronuncia da vogal /U/, como ocorreu nos exemplos supra citados: cóuda, póuca, neuvo.
O falante erudito também, na hora de escrever a palavra, “corrigiu”.
Quem criou os vocábulos foram os falantes comuns. Os gramáticos mais tarde corrigiram. E assim é com “barda”, que os nossos escritores corrigiram na grafia “balda”. Assim é com “fraquejar” e seu deverbal “fraquejo” que grafam falquejar e falquejo, pírula ou piula por pílula.

Disfalçar por disfarçar e seu respectivo deverbal, disfalce, por disfarce, são exemplos de dificuldades da pronúncia do /R/.
Alguns diminutivos o FV tem dificuldade de articular: colherinha ele pronuncia colhézinha.
Devagazinho por devagarinho.
Muitas vezes, simplesmente ignora essa letra: Bebigão por berbigão.

ESSEÍSMO. Proponho o batismo com esse nome à extrema dificuldade do catarinense em pronunciar a consoante /S/, não só em situação terminal, mas principalmente em situação medial.
O /S/ final é constantemente apagado no final de palavras no plural etc. Segundo Furlan, um brasileirismo, já que o lusitano se esbalda em usar o /S/ final. Ex. “Os menino e as menina”; quando os patrícios usam e abusam de “os gajos”.

Estranhamos o fato da síncope formada em situação muito semelhante uma das outras. Veja nos exemplos abaixo.
Dicascar por descascar
Dimanchar por desmanchar
Dicentrar por descentrar
Dicentralizar por descentralizar, todas pronunciadas com apócope do /R/ final.
Desejo por dejejo.

ZETACISMO. Dificuldade na pronúncia da consoante /Z/ - Incluindo palavras escritas com a consoante /X/ ou /S/, mas com som da consoante /Z/
Ajulejo por azulejo
Existir (ezi) por ingistir
Quagi por quase.
Existo – ingisto
Existe – ingiste.
Exigir (ezi) – Ingigir.
Desejo por dejejo.
Frangido por franzido
Jurrilho por zurrilho.


O fenômeno da PARANOMÁSIA OU ANTANÁCLASE é comum no FV vaidoso, consciente e inconseqüente. Ele tem rara consciência de seu falar torpe, no sentido gramatical, quer corrigir, no entanto, o faz de forma inconseqüente, empírica e sem fundamento, o que pode levá-lo a criar outro fenômeno conhecido como hipercorreção, que veremos a seguir.
A antanáclase é uma forma meio apapagaiada do FV citar uma palavra de pronúncia difícil e desconhecido, substituí-la por uma comum mais conhecida.
O exemplo mais clássico seria o adjetivo PRÉVIO. Prévio é uma palavra incomum, mesmo na linguagem culta. Geralmente substituída por palavras ou até mesmo locuções mais comuns tipo como: “antecedência”, “em tempo” etc.
Porém esta palavra mais cedo ou mais tarde vai fazer parte da vida da maioria da pessoas. Seria difícil encontrar um cidadão brasileiro, que nunca trabalhou, que nunca teve sua carteira de trabalho. Mais cedo ou mais tarde a grande massa empregada que é a imensa maioria dos brasileiros, vai se deparar com uma situação trabalhista denominada “aviso prévio” .
Como prévio não é uma palavra comum e, no caso desse dispositivo trabalhista, vem acompanhada do substantivo aviso e ainda como isso tudo significa uma situação pouco duradoura, coisa de um mês, o FV julga ou faz alusão a um período breve. Até porque o substantivo aviso, sugere uma coisa breve, urgente até, ou uma situação passageira, de pouca demora e daí o FV é induzido a pronunciar “aviso breve”.
Um outro exemplo seria o substantivo prorrogação. O conceito dessa palavra é ato ou efeito de prorrogar, dilação ou adiamento de prazo ou de tempo. Por isso o FV é induzido a pronunciar prolongação. Em época de copa do mundo, é quando a maioria do povo brasileiro se defronta com essa expressão, logo nas oitavas de final. A grande maioria dos falantes ouve a palavra corretamente dos locutores, no entanto a repetem ultracorrigidas. Isso porque a prorrogação dá mesmo idéia de uma prolongação ou prolongamento na partida. Apear de ser uma palavra em pleno desuso, de fato vai ser mesmo prolongada.

A HIPERCORREÇÃO ou ULTRACORREÇÃO ou ainda HIPERURBANISMO é outra forma sofisticada, porém não menos inconseqüente, do falante vulgar de média capacidade, querer corrigir à sua maneira, palavra que julga errada.
Quites é um exemplo. Esta palavra não varia em número, apesar de que na expressão “estamos quite”, a pessoa do verbo está no plural. Com isso o falante vulgar tende a flexioná-la para que concorde. Como na maioria das situações parecidas o adjetivo deveria concordar, o falante julga, desse modo, estar “acertando” na concordância. Porém costuma errar na maioria das vezes, dependendo do seu grau de ignorância. Por isso ele pode achar que seja 01 (um) lápi, porque lápis, sugere vários; do mesmo modo 01(um) pir, porque pires dá idéia de muitos.
Pode-se citar ainda outros exemplos de ultracorreção. O falante vulgar consciente, porém desinformado ele observa erros crassos no falante com grau de ignorância maior (alto nível de ignorância - ANI) que o dele.
O falante vulgar de média capacidade (médio nível de ignorância - MNI) pode reparar que, falantes abaixo da linha dele, com alto grau de ignorância, comete determinadas deturpações. São deturpações tão graves, que o MNI chega a reparar.
O MNI observa que o ANI fala sor, borso, carça por sol, bolso e calça.
Com isso ele tende a “consertar” certos termos parecido, que por alusão, julga errado. Por isso ele pode ser induzido a falar nelvo, colda, polca por nervo, corda e porca, porque relaciona essas com aquelas de cima.
Também acha que deve evitar supostas paragogias, como em Joinville, por exemplo. Este tipo de falante julga ser Joinvillí uma paragogia de Joinvil, por isso ele pronuncia o nome dessa cidade Joinvil.
Pela mesma referência ou alusão, o MNI, ultracorrige outras semelhanças. Ele vê o falante inferior a ele falar muié, ao invés de mulé, ou pela forma melhorada mulhé (de mulher); cuié por culhé (de colher).
Esses lambdacismos lhes soam errados por demais flagrante. É essa alusão que o faz resolver “consertar” termos semelhantes. Ele pode saber que o certo é tulha ao invés de tuia.
Por conseqüência pode ultracorrigir tocaiar ou sua equivalente prótese atocaiar, por atocalhar, que vem de tocaia.
Expressão como “porvir” é comum se ouvir “provir”. Não é uma simples metátese. É uma ultracorreção. Porque “pró” dá idéia de algo mais à frente, mais adiante. Ele acha que provir é uma coisa que vai vir mais adiante, mais à frente.
Um outro exemplo bem característico é trocar mata ciliar por mata auxiliar. O FV faz a conotação com este verbo, ao invés de cílio, que é o certo.
Também é comum o FV dizer “assustar o cheque” por sustar cheque. Talvez porque uma contra-ordem assusta quem saca o cheque.
O FV pode dizer que o juiz concedeu uma “eliminar” ao invés de liminar, geralmente quando tem sentido de execução. A ação executa algo. O Falante imagina que com a situação ou o problema está eliminado.
BLESIDADE consta nos dicionários de lingüística como vício de pronúncia que consiste em substituir uma consoante forte por outra fraca. Defeito que consiste em trocar uma vogal surda por uma homorgânica sonora: exemplo SS por Z. A troca da consoante /T/ por /D/, Zélio Jota também denomina de blesidade.

Francisco Fillipack - Mestre em linguística - Membro da Academia de Letras do Paraná

Com imensa satisfação apresentamos aos internautas de Santa Catarina e do Brasil peças do Dicionário Catarinense, de autoria do acadêmico Isaque de Borba Corrêa, membro da Academia Desterrense de Letras, de Florianópolis.
Isaque de Borba Corrêa, filho do pescador Germano Corrêa e Almira de Borba Corrêa, nasceu no Canto da Praia, em Balneário Camboriú, Santa Catarina, em 13 de novembro de 1960. Herdeiro da cultura luso-açórico-vicentista, inspirado por um arraigado atavismo à sua terra. Isaque, através de suas obras, busca resgatar a história do passado de seu torrão natal, bem como os genuínos falares luso-açórico-vicentistas implantados pelos seus ancestrais, que se estabeleceram no Vale do Rio Camboriú em 1823.
Em 1985, como estudioso da História de Camboriú, editou História de duas cidades: Camboriú e Balneário Camboriú.. Em 1992, retratando o acervo lexical dos originais falares regionais do Vale do Rio Camboriú, editou pela UNIVALI o Dicionário Papa-siri, incentivado por mim, que escrevi e publiquei o Dicionário Sociolingüístico Paranaense, entre outros. Em 1998, publicou a Escravatura em Camboriú, fonte valiosa para estudiosos deste palpitante tema que manchou a história do Brasil. Atualmente ele tem diversos outros trabalhos publicados em outras ciências. Tem o Poranduba Papa-siri e Apotegma, na área de folclore, O Pirão com Milongas, que é um extraordinário trabalho de antropologia social e cultural. Os livros Colóquio e Solilóquio, também são de cunho antropológico, sempre voltados para o homem do litoral catarinense. Dentre os biográficos eu destaco o Espatário de Santiago, um épico extraordinário, envolvendo um dos maiores personagens da história da península ibérica na Idade Média. Agora ele concluiu a maior biografia que se tem conhecimento acerca de São Tomé, o Apóstolo de Jesus, que segundo o autor, através das provas coletadas, afirma que o Santo esteve evangelizando na América.
Isaque de Borba Corrêa prosseguiu durante anos a pesquisa dialetológica em torno dos falares açoriano-vicentistas do litoral de Santa Catarina. Desta garimpagem sociolingüística nasceu o Dicionário Catarinense, fruto de uma tenaz e apurada pesquisa que visa resgatar do esquecimento os falares, os dialetos das duas correntes migratórias, a açoriana e a vicentista, que entre 1640 e 1748 povoaram a orla marítima do maravilhoso litoral de Santa Catarina.
Chamamos de variantes intralingüísticas regionais, consoante Juliette Garmadi, as variantes que ocorrem dentro do próprio vernáculo, isto é, dentro da própria língua portuguesa e de interlingüísticas as variantes que ocorrem com o concurso de outras línguas como o alemão, italiano e inglês, etc. O Dicionário Catarinense nos surpreende pelo seu léxico alentado, que, na opinião do seu autor, objetiva resgatar e salvar da extinção, expressões, locuções, vocábulos dignos de serem revividos.
O estudo sociolingüístico dos falares catarinenses pode vincular-se a um critério histórico-geográfico em que a Serra Geral ou do Mar caracterizam o Estado em Santa Catarina serra-abaixo e serra-acima.
Santa Catarina serra-abaixo compreende o vasto litoral, considerado desde a fundação da Capitania de Santa Catarina em 1738 como tradicionalmente catarinense. Santa Catarina serra-acima compreende todo o planalto serrano, denominado pelos mapas históricos de “Sertão de Coritiba” ou “Campos Coritibanos”, bem como o antigo território do “Contestado”. O atual planalto catarinense pertenceu inicialmente à província de São Paulo, cujas divisas com o Rio Grande do Sul eram formadas pelos rios Pelotas e Uruguai. Em 1853, com a criação da Província do Paraná, este território paulista-coritibano passou à jurisdição do Paraná. Em 1916, pelo acordo de limites entre os governos do Paraná e Santa Catarina, ratificado pelas duas assembléias legislativas, este território paranaense passou à jurisdição política de Santa Catarina.
À luz destes tópicos histórico-geográficos, passemos aos falares catarinenses.
O atual panorama etnolingüístico de Santa Catarina caracteriza-se por diversas facetas culturais, estribadas nas correntes migratórias que povoaram o território barriga-verde entre 1640 e 1950, a saber: a vicentista, a açoriana, a germânica, a italiana, a polonesa, a parano-paulista e, por fim, na primeira metade do século XX, as correntes ítalo-teuto-gaúchas estabelecidas no Vale do Rio Uruguai e no extremo oeste catarinense.
A vasta orla marítima do litoral de Santa Catarina, entre 1640 e 1684, recebeu contingente migratório vicentista (de São Vicente, São Paulo) de 4.197 pessoas que foram assentadas em 1640 em São Francisco do Sul, em 1675 em Nossa Senhora do Desterro e em 1684 em Laguna, no sul do Estado.
A póvoa de São Francisco foi fundada em 1640 pelo parnaguara Gabriel de Lara, a póvoa de Nossa Senhora do Desterro em 1675 por Francisco Dias Velho e a póvoa de Laguna em 1684 pelo vicentista Domingos de Brito Peixoto.
A corrente migratória açoriana composta de 6.071 migrantes, entre 1748 e 1756, povoou o litoral central e sul de Santa Catarina, situado entre Florianópolis e Laguna. Com este contigente açoriano-vicentista a população de Santa Catarina em 1756 elevou-se a 10.268 habitantes.
No final do século XIX seguiu-se uma das maiores correntes migratórias, a germânica, que se estabeleceu no interior do litoral de Santa Catarina, formando as maiores cidades deste Estado. No mesmo período chegou a Santa Catarina a imigração italiana que se instalou no interior do Estado.
A colonização polonesa também está presente, desde 1872, em Santa Catarina em diversas cidades.
O povoamento do planalto catarinense, antigo sertão de Coritiba, iniciou-se em 1731 com a abertura do “caminho de tropas” entre Sorocaba (SP) e Viamão (RS). O tropeirismo, no seu constante vai-e-vem, durante 166 anos (1731-1849) fez surgir pousos e pequenas vilas, hoje cidades, como Lages, Curitibanos, Santa Cecília, Papanduva e Mafra.
Os tropeiros, na maioria oriundos dos Campos Gerais do Paraná, outros de Lages e Vacaria, deixaram marcas indeléveis legando ao planalto catarinense a cultura curitibana e os falares paranaenses. Na segunda fase do tropeirismo, entre 1845 a 1920, os tropeiros dos Campos Gerais, abriram uma nova rota tropeirista entre Palmas, Xanxerê, Chapecó e Corrientes na Argentina, onde difundiram a linguagem tropeirista e os falares do Paraná tradicional.
Na primeira metade do século XX ocorreram as imigrações ítalo-teuto-gaúchas no oeste de Santa Catarina, antigo “Contestado”, bem como na década de 1950 ocuparam os espaços vazios no sudoeste do Paraná. Além de trazer grande desenvolvimento e progresso, trouxeram uma grande contribuição sociolingüística, injetando nos falares parano-catarinenses do planalto, dialetos e variantes gauchescas que enriqueceram o cabedal intralingüístico e interlingüístico dos falares barrigas-verdes.
Agradecendo a distinção destas notas introdutórias, desejamos ao autor, muito sucesso na difusão dos tradicionais falares da colônia açórico-vicentista do litoral catarinense.

Palavras com A

A-MIGUÉLI. Evidentemente que trata-se de uma paragogia de “migué”, que possivelmente é uma apócope de Miguel. Apesar de ser uma expressão bastante usual em Santa Catarina ela é conhecida em todo o Brasil. À beca, à vontade
À BEÇA (bé). Locução que significa à vontade. Às pampas, às pamparras, a-miguéli.
ABATUMAR. Que abateu, que abate. O bolo que abateu. Este vocábulo registramos no planalto norte e na região serrana, apesar de que Ilson Rodrigues ter consignado este termo em seu dicionário de regionalismo da Ilha. No centro-norte do litoral, entre nativos, não há registro, nem conhecimento. No litoral se diz que o bolo “criou pé”, encurruou, encruou, criou pé. Var. Abatomá, abatumô.
ABISMAR. Espantar, admirar. “Ficou muito abismado...!” (Informação do jornalista Elias Silveira - BC)
ABOBA. (bó). Deverbal de abobar. Muito usado na expressão “não abóba”, que quer dizer: não fique bobo ou não se faça de bobo.
ABOBAR. (c.l.c.) 1-Ficar bobo.
2- Ficar sem fazer nada. Bobar
ABOBRA. Metaplasmo de supressão por síncope de abóbora.
ABOBRÃO. 1- (subst) Aumentativo de abobra.
2- (adjt) Gíria. Pessoa que fala abobrinhas. ”Estamos aqui para esclarecer e tirar dúvidas - comprometeu-se o abobrão” (Jornal Diário do Litoral - (Diarinho nº 6799 p 11)
ABOBRINHA. Diminutivo de abobra. Gíria para estultícia.
ABORNAR. Encher o bornal. Encher-se de alguma coisa, em especial, encher-se de dinheiro. Abornado, cheio de dinheiro, rico. Var: Abonar, abonado.
ABREGO. Vento frio, normalmente vindo do sul.(Novo Dicionário da Ilha)
ABRIBIAR. (c.l.c.)Possivelmente uma metanálise de “abrir bem”. Abrir os olhos, ficar esperto. “Abribia esse teu zóio mulhé” ( Isaque de Borba Corrêa - Colóquio - inédito)
ABUGIAR. (c.l.c.)Modo de se xingar alguém. É comum ouvir o xingamento: “Vai te abugiar!”
ACARCANHAR. Acalcanhar com rotacismo. Apertar com os calcanhares. Diz-se especialmente quando se calça um sapato por cima da parte de trás, amassando-o, fazendo-o como chinelo ou como se fosse um chinelo.
ACARCAR. Metaplasmo de adição com prótese de carcar. Socar, pisar, encher, apalpar com força.
ACERO. Metaplasmo de supressão por síncope de aceiro. Limpeza do cisco em redor da coivara, para controlar o fogo e não atingir a floresta.
ACHA. Pedaço de lenha refilado a machado, para queimar no fogão.
ACHOCHAR. (c.l.c.)Metaplasmo de supressão por síncope de achouchar.
ACHOUCHAR. Acertar em cheio. Chapulentar, ajojar. Achouchei / achouchaste / achochou.
ACINHO. Bolinha de aço de rolamento que se usa no jogo da quilica, para substituir a “jóga”.
ACOAR. Latir, ladrar. Usado em quase todo o Estado.
ACÔO. O latido do cachorro. “A cachorrada gachava-se a uivar entre acôos.” (Tito Carvalho, Vida Salobra p. 248)
ACROCAR. (c.l.c.)Metaplasmo de supressão por síncope de acocorar. Agachado no chão sobre os calcanhares; acocorar, em cócoras: . Que está de croca (cró).
“No segundo anúncio o homi já tava de croca, agarrado num pé de mata-pasto” (Isaque de Borba Corrêa - Pirão com Milongas- inédito)
ACROCADO. Síncope de acocorado Que está de croca, sentado no chão ou sobre os calcanhares; agachado. “E não é que o cara de pau cagou ali mesmo, acrocado atrás do poste” (Isaque de Borba Corrêa - Pirão com Milongas -inédito)
ACUERAR. Formar cuera, junjir, tornar-se muito amigo. (Euclides Felipe - Boletim da Comissão Catarinense de Folclore (BCCF) V. 08)
ADOBO. Tijolo cozido somente no sol. (Lucas Boiteux. Poranduba Catarinense)
ADUELA. (Med. pop. cat.) Costelas, arca. (Osvaldo Rodrigues Cabral, Vocabulário de Consultório Médico, BCCF n° 04)
AFANAR. Roubar, cucar, chuchar. “Policial civil ta sendo acusado de afanar armas e grana falsa”. (Jornal Diário do Litoral (Diarinho) n° 6.733 p 5)
AGADANHADO. Metaplasmo de adição por prótese de gadanhado, ou seja, segurando com os gadanhos. Grudado, agarrado, preso. “{...} agadanhado que nem ostra no rabo de macaco.” (Othon Gama dÉça, Vindita Braba p 33)
AGARIBAR. (l.planalt.) Zangar-se. “Agaribou-se à-toa.” (Doralécio Soares, Linguagem serrana - Folclore Brasileiro, p. 14)
AGENTE. Segurança, policial, na cidade de Lages. (Lucas Boiteux, idem ibdem)
AGÓ. 1-Metaplasmo de supressão por apócope de agora.
Expressão muito usada para complementar uma frase. Ex:
“Não precisa, agó”.
2- Interjeição de negação com intenso reforço fonético, na sílaba tônica quando se quer negar ou duvidar.
AGORÁ. Apócope de agorar, gorar. Diz-se do ovo que não chocou, ficou chocho.
AGRICOLINO. (C.l.c.). Alcunha dos alunos do colégio agrícola de Camboriú. (Informação de Junancir da Silva - BC)
AGUACERO. Metaplasmo de supressão por sincope de aguaceiro. Chuva forte e rápida.
AGUADA. Vertente de água nos morros. Topônimo camboriuense: Aguada das Laranjeiras, Aguada do Canto.
AGUAÍ. Árvore das matas catarinenses (Chrysophyllum viride).
AGUARIA. Diz-se da água na boca. Registrado na cidade de Lages. (Lucas Boiteux, idem, ibdem)
AGUIDAL. Variação da palavra de origem árabe alguidar . Prato ou tigela de barro. Pode variar ainda em alguedar, guidar, guidáli., aguidar.
AGUIDALI. (dá). Metaplasmo de adição por paragoge de aguidal. Alguidar.
AGUIDAR- Síncope de alguidar.
AGULHA. Tranca-rês. Porteira aberta de pasto.
AIMPIM. (c.l.c.)Metaplasmo de adição com epêntese de aipim.
AIPIM. Em Santa Catarina, em especial no centro do litoral catarinense a pronúncia corrente é com /I/ nasalizado: aimpim. Porém a forma gráfica geralmente e esta. O aipim é uma raiz comestível, muito saboroso, semelhante à mandioca. Porém a mandioca não é comestível por ser venenosa e tem sabor amargo. Visualmente não há diferença entre mandioca e aipim.
AIURÊ. Designação de localidade pertencente à cidade de Grão-Pará.
AJATO. (c.l.c.)Espécie de guisado feito de sardinha cozida em óleo e tomate: sardinha ajato.
AJITÓRIO. Variação de ajutório. Fenômeno raro de variação da vogal /U/ para /I/. Síncope de adjutório. Ajuda, esmola.
AJOJAR. 1- Síncope de ajoujar. Colocar o ajoujo.
2- Metaf: Chapulentar, Achochar, atochar, dar um tabefe, meter a mão na cara do outro. “Meteu-lhe a mão na cara do outro que ajojô.” (Inf. Maria Alice Pereira - Camboriú)
AJOJO. Metaplasmo de supressão por síncope de ajoujo. Espécie de jugular usada em parelha de animais, para que ambos, sigam o mesmo caminho.
AJOUCADO. (ling. planalt.) Nos falares da vida campeira tem sinônimo de aconchegado. (Doralécio Soares, Falares da Vida Campeira p .15)
AJURAPÉIA. Nome de uma montanha na cidade de São Francisco do Sul.
ALAOZA. Prótese de laoza ou laúza. Veja: Alaúza.
ALARIFA. (do árabe) (l.planalt.) Aragano, aspa furada, ventano; esperto para negócios. Registrado na cidade de Curitibanos. (Euclides Felipe. Idem BCCF- 1950)
ALAÚZA. Prótese de laúza. Baderna, bagunça, lambança.
ALBARDÃO. Topônimo palhocense, provavelmente de origem portuguesa.
ALBITANA. Metaplasmo de adição por prótese de bitana.
ALÇA. (C.l.c) Nome que se dá à linha do espinhel que vai da madre ao anzol
ALCOBAÇA. Lenço grande, geralmente usado pelos cheiradores de rapé. (L. Boiteux -Poranduba Catarinense)
ALEMÃO. Forma usada pelos antigos moradores da Praia de Camboriú para denominar o turista, motivados pelo forte fluxo de turistas teuto-brasileiros vindos do Vale do Itajaí.
ALEMÃOZINHO. 1- Diminutivo de alemão.
2- Denominação dada à abelha Jataí (Tetragonisca angustula), também conhecida como abelha
mosquitinho.
ALEMOA. (c.l.c.)Epêntese de alemã, feminino de alemão.
ALGAROBO. Denominação de um tipo de madeira de lei. (Boiteux - Poranduba Catarinense)
ALGUIDAR. (árab.) Espécie de tigela de barro com alça sobre a boca.
ALIAÇA. Metaplasmo de adição com prótese de liaça. O mesmo que linhaça.
ALICERÇO. (c.l.c.)Deformação por paragrama de alicerce, fundamento.
ALINHAÇA. Metaplasmo de adição com prótese de linhaça.
ALMANJARRA. (do árabe) Peça que liga o eixo central da entrosga à canga do boi. Var. Manjarra
ALMEJA. Metaplasmo de supressão por síncope de amêijoa, espécie de concha existente nas praias do norte catarinense. Var. Armeja, ameja. Q.v. Mija-mija “Caramujo, berbigão, almejoas (sic)”. (Roberval Defreitas - Coisas do meu litoral, p.48)
ALOITO. Briga, luta. Euclides Felipe, ao comunicar à Comissão Catarinense de Folclore esta informação, disse textualmente que, “geralmente ouve-se dizer alotho”. Francisco Filipak afirma ser uma expressão usada no falar paranista. Parece-nos prótese de luita, uma variação muito rara da palavra luta. Luta, usada na Região Oeste Catarinense e sul do Paraná.
ALOPRADO. Doido, envaremado.
ALUADO. Lunático, que sofre influência da lua, que vive com a cabeça no mundo da lua, desatento, espavitado.
AMACHURRAR. Amoitar-se, aquietar-se, encolher-se: “Amachurra boi dorado/ amachurra devagar...” Do folclore do boi-de-mamão. (Novo Dicionário da Ilha)
AMAINGA. Expressão de saudade usada no contestado. Transcrito do Glossário de Poranduba Catarinense. (Boiteux Op cit)
AMARRAÇÃO. Nome de um antigo bairro em Balneário Camboriú.
AMÉCIA. Síncope de armécia.
AMIGA. Sinônimo de amante no centro do litoral catarinense.
AMIGAR. Conviver maritalmente, juntar-se à amante, à amiga.
AMOADO. Amuado.
AMOJAR. Diz-se da vaca ou da menina que está criando mojo, seios, teta, mamica.
AMOJUDA. Mojuda, mamicuda, de mojo grande.
AMÔO. Amuo. Mau humor. Embucicamento.
AMUADO. Embucicado, emburrado, com a tica. Ilson Rodrigues traz a forma samoco.
“Ficou amuado, aborrecido, olhos cheios d´água”. (Rádio Peão p 135)
AMURCILHAR. Veja emurcilhar.
ANAUÊ. Saudação integralista. Retirado integralmente do Glossário de Poranduba Catarinense. (idem, ibdem)
ANCA. (Med. pop. cat.) Costas, cadeiras. Geralmente vem no plural “as ancas”. Quadril feminino.
ANCINHO. Rastel, gadanho. Mais usado entre os centro-litorâneos.
ANHATO-MIRIM. Anhatomirim. Nome de origem indígena de uma ilha no norte da Capital catarinense.
ANHOLINE. Pidgin italiano: Agnolini. Sopa com uma espécie de macarrão contendo temperos no seu interior. (Osvaldo Furlan, Brava e Buena Gente p 68)
ANTESDONTE. Anteontem.
ANTIONTI. Variação de antesdonte. Ontionte.
ANTROLHOS. (tró). Epêntese de antolhos. Óculos. Especialmente aqueles de couro que são colocados nos olhos dos bois que giram a moenda. “Teodoro cangava o boi e botava os antrolhos”. (Anna Fuchs - Sete minutos - Memórias de minha infância em Balneário Camboriú - p 19)
APA. Instante. Usada na locução “num apa” que quer dizer num instante.
Nas localidades próximas da fronteira, por influência castelhana, é comum se ouvir dizer “num rato”.
APÁ. Bunda, nádegas. “Volta do apá”, na linguagem oestina. (do Glossário contido no livro Vida Salobra)
APARADO. Costumava-se dizer do primeiro café coado. Depois incorporado ao costume como sinônimo de cafezinho. Convidava-se alguém para tomar um aparadinho, ou um golinho de café, ou ainda um gorpinho de café. “Piscidônio depois que tomava um aparadinho, ia frugulhar os dentes” (Isaque de Borba Corrêa - Colóquio - inédito)
APEIRO. Mobílias, utensílios. “A casa é muito bem aperada.” (Doralécio Soares - Falar Serrano p 14) O Dicionário de Regionalismo do Rio Grande do Sul diz que é o arreio do animal.
APETREBU OU APTERIBU. Nome indígena de Curitibanos. (Mapa Geográfico de “Hua parte da América Meridional, desde o Trópico de Capricórnio” 1773)
APIALAR. 1- Pegar alguém de pialo, de surpresa.
2- Laçar um quadrúpede pelas mãos. (Euclides Felipe, Op cit)
APIANÇADO. Que tem apianço.
APIANÇO. Pianço, dispinéia por pios, asma.
APICUÃ. Picuã. Nome de uma ave de porte médio, parecida com o anum pardo, cuja característica principal são os olhos vermelhos. No centro do litoral catarinense, quando aparece alguém com os olhos vermelhos se diz que estava “com os olhos vermelhos que nem uma picuá emaconhada”. (Isaque de Borba Corrêa - Pirão com Milongas - inédito)
APILCHAR. Arrumar-se, trajar-se a rigor. Termo oriundo do gauchês, muito usado no oeste catarinense, que refere-se em especial aos trajes típicos do gaúcho. “Lavaram as roupas.... e se apilcharam.” (Heitor Lotheu Angéli. Crônicas do Oeste, p 158)
APINCHAR. Metaplasmo de adição pó prótese de pinchar.
APIPO. Nome de uma espécie de laranja azeda, muito comum no oeste catarinense. “É tempo de apipu e a paca gosta muito desta fruta.” (Idem ibidem p 104)
APIÚNA. Cidade do Alto Vale do Itajaí, que na linguagem indígena significa “cabeça de negro”, conforme algumas obras consultadas. Segundo consta, decorre de a cidade ter este nome, motivado por uma enorme pedra, numa montanha, semelhante a uma cabeça de negro.
APOIPAR. Metaplasmo de Prótese de poipar. Câmbio vocálico na letra /I/ - Poupar.
APOITAR. Amarrar a canoa à poita. Ancorar . “Ao chegar no local, onde São Tomé costuma apoitar a bateira, não pode retirará-la porque os índios a encheram de pedra” (Isaque de Borba Corrêa - São Tomé - A saga do Apóstolo de Jesus no continente americano - Inédito p 84)
APOJAR. (c.l.c.)É o mamar do bezerro para provocar a descida do leite. Quando a vaca não quer descer o leite, é comum colocar o bezerro para apojar. Ao perceber o bezerro mamando, a vaca desce o leite, e aí, continua-se a ordenha com as mãos. Outros autores sugerem que seja o último leite tirado da vaca ou o mais gordo.
APOJO. (pô). Ato de apojar. Este vocábulo pode sofrer pequenas variações de sentido conforme a região, porém todos com o sentido de extrair o leite da vaca. No centro do litoral, refere-se à simulação da ordenha através do bezerro, para estimular a vaca a soltar o leite. Coloca-se o bezerro para mamar, e assim que a vaca soltar o leite, continua-se a ordenha com as mãos. Em algumas regiões do planalto pode ser o leite mais gordo.6 “Quem ordenha o leite, bebe o apojo.” (Ditado gauchês)
APORRINHADO. Que aporrinha, xarope, enjoado, chato. “Já andava apurrinhado de tanto vender picolé.” (Maykon Tenfen - Entre a Brisa e a Madrugada p 26)
Francisco Filipak encontrou este termo em Ibiraçu-ES. (Francisco Fillipak - Vocabulário Regional de Ibiraçu - ES)
APORRINHAR. Enjoar, encher o saco, enjoar, injicar, chatear.
APRICATAR. Var de aprecatar. Precaver.
APRUMAR. Colocar no prumo, endireitar, melhorar.
ARACANGA. (do guarani) “mbira + canga”. Literalmente pau de cabeça. Segundo Lucas Boiteux (Poranduba Catarinese) é um pau que os pescadores usam para bater na cabeça dos peixes grandes para matá-los.
ARAÇATUBA. (do guarani) araçá + tuba. Lugar que tem bastante araçá . Topônimo catarinense, localidade da cidade de Imbituba.
ARACUÃ. Nome comum de um pássaro da ordem dos galiformes, família dos cracídeos.
ARAGANO. (l.planalt.) Alarifa, espertalhão.
ARAQUARI. (do guarani) Ara = papagaio + cuara = buraco + i = água. Denominação de uma cidade do litoral catarinense fundada em 1876. Antes era chamada de Paraty.
ARARANGUÁ. (do guarani) Ara = papagaio + guá = vale. Denominação de uma cidade do litoral catarinense fundada em 1880.
ARARIÚ. (do guarani) Ara = papagaio + i = água + ú = redução de açú Localidade da cidade de Palhoça.
ARATACA. Topônimo lagunense.
ARATINGAÚNA. (do guarani) Ara = pássaro + tinga = branco + úna = preto. Denominação de uma localidade na cidade de Palhoça.
ARAÚJA. (lit. cat.) Variedade de pescadinha. (peixe do gênero Cynoscion)
ARAZ-FRIA. Var. de aragem fria, vento frio.
ARCA-CAÍDA. (Med. pop.) Problema relacionado com as costelas das crianças: “Médico também não cura arca-caída.” (Elaine Borges e Bebel Orofino - Vozes da Lagoa, p 130)
ARCAVÉM. Parte de trás do carro-de-boi. É constituído de uma régua de dois ou três dedos de largura, pregada no assoalho na parte de trás do carro-de-boi. (Dicionário de Regionalismos da Ilha)
ARDENTIA. Bioluminescência marítima: fenômeno de luminosidade que ocorre na água do mar nas noites escuras, também conhecido como fosforescência do mar, causadas por protozoários marinhos, fitomastiginos, dinoflagelados, microscópicos e de corpo luminescente. “Um apaixonado por tudo que revela mutações, as ardentias, o brilhar do sol batendo nas ondas...” (Álvaro de Carvalho - Imagens que Ficaram p 103)
ARENGA. Conversa fiada. (Doralécio Soares - Falares da Região Serrana p 1)
ARGANEL. Fio de arame atravessado no focinho do porco para impedi-lo de fuçar ou, escavocar o terreno.
ARIAR. Dar brilho, principalmente nos utensílios de alumínio da cozinha. Acredita-se que seja assim denominado, em virtude de as pessoas usarem a areia para limpar e dar brilho às peças. “As panelas são ariadas com cinza e sapólho.” (Roberval Defreitas Op cit p45)
ARICUNGO. (l.planalt.) Cavalo Ruim. (Boiteux Op cit)
ARIGÓ. Broqueiro, operário que trabalha nas pedreiras na região de Camboriú. Já está se usando esse termo como epíteto do povo nativo de Camboriú. “ ... a forma rude que usava para ensinar aquele aprendiz de arigó” (J.A. Rebelo - O Menino e a Pedreira, p15)
ARIGONHA. Rosca de polpa de pêssego. (Gloss. de Vida Salobra)
Filipak afirma ser uma variante de aregonha, e assevera que seja tiras de frutas secas com as quais se fazem sobremesa. (Anotações do Próprio Fillipak, em notas revisionais no original)
ARINQUE. Cordão que vai do catuto à pedra, na madre do espinhel. (Lucas Boiteux Op cit)
ARIOCA. (ó). Afluente do Rio Canoas em Lages.
ARIRIBÁ. (do guarani) arara = Papagaio ou simplesmente ave + iba = Árvore)
1- Denominação de uma árvore da família das leguminosas, que as publicações oficiais registram como araribá.
2- Nome de um bairro na cidade de Balneário Camboriú.
ARIRIÚ. Nome dado a uma praia e a um rio na cidade de Palhoça. Veja Iririú.
ARMÉCIA. Q.v. mescla.
ARPOEIRA. Nome que no sul do Estado se dá ao rufo da tarrafa. Registrado na cidade de Sombrio.
ARQUÊ. (c.l.c.)Metaplasmo de supressão por apócope, com rotacismo, de alqueire. Antiga medida de capacidade equivalente a meio saco ou a 18 litros de capacidade. Esta medida ainda é usada nos engenhos de farinha. Ex:“saiu lá de casa carregado com meio arquê de farinha.” (Isaque de Borba Corrêa - Pirão com Milongas - inédito)
ARRAIAR. (c.l.c.)Socioleto de broqueiro que quer dizer fazer raio na pedra, fazer uma guia para dar o talho na pedra. Var. arraiá.
ARRANCAR. Sair, carcar. “Te arranca!” Interjeição que significa: “Te manda! Carca! Pira!” “-Então te arranca! Se tiver pai, avisa que pago bem.” (Maikon Tenfen Op cit p 59)
“...Montou no animal e se arrancou.” (Silveira Júnior - Memórias de um menino pobre p 46)
ARRANCO. Ânsia de vômito. “ Saiu fazendo arranco pra gumitá” (Isaque de Borba Corrêa -
Pirão com Milongas - inédito)
ARREATAS. Tiras de couro com as quais se prendem as bruacas, nos cavalos. (Doralécio Soares - Falares dos municípios serranos p 14)
ARREBENDITA. Variação de rebendita. Possivelmente origina-se de revindita. Revanchismo. Ex: “Fez esta sacanagi como arrebendita da surra que levô.” (Informação de Sálvio Violant- BC)
ARREBENTONA. Proposta que arremata uma certa quantidade de mercadoria abaixo do preço.
ARRECIO. Prótese de recio. Cheiro do mar, maresia.
ARREGANHAR. Escancacar, esgaçar, abrir-se. O mesmo que reganhar. “Por se vestir como puta barata e se arreganhar para o primeiro imbecil que chega aqui.” (Diarinho nº 6736 p 13)
ARRETAR. Alisar algo ou alguém, geralmente com más intenções. Alisar exageradamente uma superfície.
ARRIAME. Conjunto de apetrechos de montaria, arreios, apeiros, curiama. “Sujaram seu arriame.” (Lothieu - Crônicas do Oeste p 64)
ARRIBA. Acima, levantado, por cima, em cima.
ARRIBAR. Levantar. Diz-se do convalescente, e neste caso, existe a seguinte expressão: “Está melhorando de saúde”, ou seja, está melhorando da doença de que foi acometido. Engordar, enriquecer.
ARRIBOU. Engordou, enriqueceu, ficou melhor de saúde.
ARRELIA. Prótese de relia.
ARRELIAR. Prótese de reliar.
ARRIMEDAR. Variação de arremedar, imitar os outros.
ARRIQUIBANQUE. Caixa de guardar objetos, que serve também de banco para sentar. (Inf. Braz Silva- Camboriú -SC)
ARROFO. Parte central da espingarda. (Boiteux Op cit)
ARROINAR. Variação de arruinar. Arronhar.
ARROMBAR. Dar show, fazer bonito. Muito usual na capital: “Arrombastes nega!”
ARRONHAR. Var. de arruinar, infeccionar um ferimento. Inflamar, infeccionar.
ARUMBEVA. Espécie de cacto que vinga nas areias das praias do Estado. “Usava também espinho de arumbeva.” (Elaine Borges & Bebel Op cit p 121)
ÀS PAMPARRAS. Locução que significa à vontade, a-miguéli, à beça.
ÀS PAMPAS. Locução para designar grande quantidade. Às pamparras. (Francisco Filipak - Dic Reg do espírito Santo)
ASSANHADA. Mulher presunçosa, emperiquitada.
ASSISTIDA. Menstruada. “Quando fiquei assitida pela primeira vez, fiquei com medo.” (Elaine & Bebel Op cit p 121)
ASSONSADO. Zonzo, cansado, fadigado.
ASSOPREIRA. Prótese de supreira.
ASSUNSADO. Desatinado, andando de um lado para o outro, sem saber o que fazer.
ASSUNTADO. Pessoa com a cabeça no lugar. Assentado. P.ex.: “Este rapaz é bem assuntado”.
ASSUNTAR. Prestar atenção, ouvir, gravar na memória.
ASTREVER. Epêntese de atrever.
ATARANTADO. Atarentado.
ATARENTADO. Atribulado, assunsado, indivíduo atrapalhado.
ATASANAR. Atesanar,
ATESANAR. Atisanar
ATISANAR. Fazer tisana, arrenegar, arrenegado. Atizanado, irritar. No livro Vozes da Lagoa encontramos a forma atizaná. “Quando vem à escola atizaná as crianças.” (Elaine & Bebel Op cit p 49)
ATEMPADO. Intanguido, amarelo, pandulho, fraco, desmilingüido.
ATIBADO. Atupetado, atochado, cheio, repleto, sicado, especialmente se diz quando está com a barriga cheia, está atibum.
ATIBUM. Atimbum, cheio, empazinado.
ATILHO. Barbante para amarrar, para atar. “Temos a fazer muito remendo nos atilhos” (Lothieu - O velho Balseiro p 40)
ATIMBUM. Com a pança cheia, satisfeito.
ATIPADO. Aquele que faz tipo, panca; metido a bonito ou de bom gosto. “Pretendente melhor não precisava:moço de fora, moço de vista, bem aprumado, vistoso, bem atipado e pancoso.” (Isaque Borba Corrêa - Poranduba Papa-siri p 19)
ATISANADO. Derivado de tisana. Cheio de tisana, que sofreu tisana, que foi intisicado, arrenegado, irritado.
ATOCALHAR. Hipercorreção, hiperurbanismo ou ultracorreção de atocaiar por sugestão das correções feitas por conta do fenômeno da iodização (ieísmo) nas palavras terminadas com dígrafo /LH/. Ficar de tocaia.
ATOCHADO. (c.l.c.)Cheio, atupetado, carregado, chapado.
ATOCHAR. Encher, atupetar, carregar.
ATORAR. Cortar pelo meio, amputar.
ATRACAR. Grudunhar, agarrar.
ATREITO. Que está na iminência de acontecer. Propenso, sujeito a acontecer.
ATUCANAR. Atribular, perturbar.(Novo Dicionário da Ilha)
ATUPETADO. (c.l.c.)Variação de atopetado. Atochado, carregado, repleto, cheio. “Imaginem fazer uma viagem de 70 dias, Num barco atupetado de escravos.” (Isaque Borba Corrêa - A Escravatura em Camboriú p 25)
“Ele havia carneado um boi no sítio e a Brasília estava atopetada de carne.” (Rádio Peão p 147)
ATURAR. Suportar, agüentar.
AVACALHADOR. Aquele que avacalha, estraga a brincadeira dos outros.
AVACALHAR. Estragar alguma coisa, uma brincadeira, anarquisar, destruir.
AVALOAR. Avaluar. Valorar, atribuir valor.
AVALUAR. Paragrama de Avaliar.
“ Pra fazê a minha pescaria/ eu tenho a minha canoa/ no dia que eu vô no mar, não dô remadas à toa/
Minha pesca é de espinhé, tenho feito pesca boa/ tenho pegado peixe, que ninguém não avaloa.” (José Severiano da Silva- Poesias populares - in História de Duas Cidades p 70)
AVEZADO. Acostumado, habituado. (Novo Dicionário da Ilha)
AVIO. (L. planalt.) “Avio de fogo”. (Apesar de encontrar pronúncia alveolarisada /vil/, grafei-a com a pronúncia da semivogal /W/ que forma o ditongo /io/, porque relacionei-a com o vocábulo similar /pavio/ que tem quase o mesmo sentido. Avio é o nome que se dá ao isqueiro na região serrana. Lá, segundo informações, isqueiro (q.v.) inspira malícia e é palavra chula. (Inf. do Lageano Marcolino Wolf Silva - BC)
AVORAÇADO. Variante fonética por lambdacismo de alvoroçado. Inquieto, irrequieto, agitado, apressado, acelerado. (Inf. de Raôni Manoel Germano da Silva Borba Corrêa. BC)
AVORAÇAR. Metaplasmo de supressão por síncope com lambdicismo de alvoroçar. Por em alvoroço
AVUADO. Variação por síncope com rotacismo de arvoado. Indivíduo aluado, aéreo.
AZAMBUJA. 1- Colônia fundada em 18 de abril de 1847 em Tubarão.
2- Santuário de N. S. de Azambuja - Brusque.
AZELHA. (lit. cat.) Diz-se das guelras ou das barbatanas do peixe no centro do litoral. “Até o peixe, o pai vendia as melhores postas e dava as azelhas para gente comer”. (Isaque Borba Corrêa - Poranduba Papa-siri p 28)
AZOGO. Pelo que pudemos traduzir ao ouvir esta palavra, é algo como trans-missão de pensamento, através do pensamento. Os grandes dicionários trazem uma forma aproximada de aziago, que tem sinonimia com agouro. (Isaque Borba Corrêa - Dicionário Papa-siri)
AZOINADO. (l.planalt.) Meio zonzo, aborrecido.
AZOINAR. (l.planalt.) Zonzar, aborrecer. (Dicionário de Regionalismo do Rio Grande do Sul)
AZUCRINAR. (c.l.c.)Enfezar, irritar aporrinhar. (Inf. de Gilberto de Borba Corrêa - BC)
AZULEJO. Tipo de pelagem de eqüinos. Veja Zulejo.
AZUNIAR. (c.l.c.)Prótese de zuniar.